Insuficiência cardíaca: causas, sintomas e tratamento

Insuficiência cardíaca: quando o coração começa a falhar

Conheça os sinais e sintomas da insuficiência cardíaca, as soluções da medicina e os hábitos que pode mudar para fortalecer o coração.

  • PorSara CapeloJornalista

Estima-se que 400 mil portugueses adultos tenham insuficiência cardíaca. Este número pode crescer 30 por cento até 2034, segundo as projeções do estudo Epidemiologia da Insuficiência Cardíaca e Aprendizagem (EPICA), e da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC). Revelamos os principais sintomas a que deve estar atento e como é feita a prevenção e o tratamento.

As causas

A insuficiência cardíaca «resulta da alteração estrutural ou funcional cardíaca», começa por explicar Luís Ferreira dos Santos, médico cardiologista. Essa alteração leva a que o coração perca «a capacidade de bombear o sangue de modo a satisfazer as necessidades de oxigénio e de nutrientes do organismo. É uma doença grave, debilitante e com elevada mortalidade», explica o médico cardiologista. A mediana de sobrevivência, após o diagnóstico, é de cinco anos, refere o especialista. Existem mais de três dezenas de potenciais causas para a insuficiência cardíaca. Entre elas, «a má irrigação pelas artérias coronárias (isquemia ou enfarte do miocárdio), uma sobrecarga constante de pressão (hipertensão arterial) ou de volume (doença de válvulas)». Alguns medicamentos, muitos usados na quimioterapia, têm potencial de cardiotoxicidade e podem ser a causa de insuficiência cardíaca. «É boa prática clínica antes, durante e após alguns tratamentos de quimioterapia a realização de exames para estudo e monitorização da função cardíaca», refere o médico cardiologista. Também a ingestão de álcool ou drogas recreativas podem causar danos ao coração.

«É importante estar atento à sensação de falta de ar e cansaço, inchaço dos pés e pernas, dor torácica quando faz esforços e que alivia com repouso, ou dificuldades em dormir, como a necessidade de elevar a cabeceira ou usar várias almofadas»

Os sintomas da insuficiência cardíaca

«A apresentação clínica da insuficiência cardíaca pode, em muitos casos e numa fase precoce, ser ténue. É habitual os sinais e sintomas serem ignorados ou rotulados como marcas de envelhecimento», refere Luís Ferreira dos Santos. Noutros casos, uma vez que o coração deixa de enviar sangue de forma eficiente aos órgãos (dos rins aos músculos ou cérebro), os sintomas são mais evidentes. «É importante estar atento à sensação de falta de ar e cansaço, inchaço dos pés e pernas, dor torácica quando faz esforços e que alivia com repouso, ou dificuldades em dormir, como a necessidade de elevar a cabeceira ou usar várias almofadas», indica o especialista. Outros sintomas que devem levar à avaliação clínica imediata são «o desmaio, ter o abdómen inchado e perda de apetite, tosse, aumento das idas à casa de banho durante a noite, alguma confusão ou perdas de memória.»


O diagnóstico

Quando um paciente apresenta sintomas característicos de insuficiência cardíaca, «a primeira fase do diagnóstico é a avaliação médica. Esta é suportada com exames auxiliares de diagnóstico adequados a cada caso». O médico cardiologista pode pedir «uma radiografia torácica, um eletrocardiograma, um ecocardiograma ou um estudo laboratorial. Um acompanhamento médico regular, é fundamental para a identificação e controlo de fatores de risco. E também na prevenção e no diagnóstico precoce de várias doenças», lembra.

Os tratamentos procuram travar o agravamento da doença e prevenir a morte súbita, responsável por 50 por cento das fatalidades

O tratamento da insuficiência cardíaca

«Para esta doença, há grupos de fármacos que provaram, em ensaios clínicos, oferecer melhor qualidade e mais tempo de vida. No entanto, registos da “vida real” demonstram que a maioria destes doentes não tem as tabelas terapêuticas completas e/ou em doses corretas (neste caso, doses insuficientes).» Seguir as recomendações à risca é essencial. Para doentes com doença cardíaca estrutural, como uma válvula danificada, poderá ser necessária uma cirurgia cardíaca reparadora ou de substituição.

Outros tratamentos

80 por cento dos doentes com insuficiência cardíaca tenham arritmias ventriculares, que podem agravar a própria doença e/ou provocar morte súbita. Por isso, além da medicação, os pacientes «beneficiam com a implantação de pacemakers para tratar bradicardias (ritmo cardíaco lento) ou dispositivos mais complexos, com capacidade de ressincronização cardíaca sem ou com cardioversor desfibrilhador, para tratar as taquicardias (ritmo cardíaco acelerado)», complementa o especialista. Com estes tratamentos, procura-se travar o agravamento da doença e prevenir a morte súbita, responsável por 50 por cento das fatalidades.


Quer prevenir a insuficiência cardíaca?

Alguns comportamentos aumentam o risco de insuficiência cardíaca. O médico cardiologista Luís Ferreira dos Santos divide-os em cinco grandes pilares. Veja onde pode fazer alterações ao modo de vida.

  • Faça uma alimentação saudável
    Prefira carnes brancas ou peixe e muitos legumes, com pouco espaço para massas, arroz e batata. A carne de vitela e, sobretudo, a de porco só devem ser consumidas excecionalmente. O açúcar e o sal devem ser reduzidos ao mínimo.
  • Controle o consumo de bebidas alcoólicas
    O consumo de bebidas alcoólicas deve ser ligeiro, apenas às refeições, e restrito ao vinho tinto. Prefira água.
  • Pratique exercício físico
    Contemple a prática de 30 minutos de atividade física constante, pelo menos cinco vezes por semana. A caminhada é o melhor tipo de exercício físico para prevenir a insuficiência cardíaca.
  • Não fume
    É importante deixar de fumar, já que retira, em média, 6-8 anos de vida.
  • Controle as doenças que aumentam o risco cardiovascular
    Ao longo da vida é possível surgirem doenças, como hipertensão arterial, colesterol elevado ou diabetes. É importante o seu controlo eficaz, pois vai influenciar o destino do coração.
Última revisão: Setembro 2020

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