A Organização Mundial da Saúde declarou o estado de pandemia face à COVID-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. E com o aumento de número de casos em Portugal, a preocupação está a aumentar. Em entrevista à Revista Prevenir, o médico infeciologista Jorge Atouguia explica o essencial sobre os riscos e perigos da doença.
Como se transmite exatamente o coronavírus?
Acredita-se que entre pessoas a transmissão seja por via aérea através da eliminação de gotículas, libertadas quando se fala, espirra e tosse. O vírus está no interior dessas gotículas e, em contacto com as vias aéreas, pode desenvolver a doença (COVID-19). Mas não em todos os casos. O vírus pode não chegar às células onde precisa de entrar para se replicar, em locais mais profundos do sistema respiratório.
Se o vírus lá chegar, existe sempre o risco de morte?
Só nos casos em que a doença evolui para um quadro de pneumonia. As pneumonias virais são sempre muito perigosas e quando o vírus, como este, muda de espécie, do animal para o ser humano, é sempre mais agressivo. Por outro lado, é expectável que, gradualmente, no contágio entre humanos, o vírus vá perdendo a capacidade de provocar doença grave. A maior parte das epidemias, sobretudo as virais sem terapêutica, acabam por ter um pico e depois decrescem. Não só pelas medidas de contenção e do impedimento de novas infeções, mas porque a agressividade do vírus diminui.
«Os sintomas são semelhantes aos de uma gripe: tosse, febre, expetoração e/ou falta de ar, sendo este um dos sinais mais importantes de que os pulmões não está a ventilar devidamente»
Quem corre especial risco de ser infetado e contrair uma pneumonia por coronavírus?
A probabilidade de contrair o vírus é igual nas pessoas com ou sem competência a nível de imunidade. Mas as pessoas afetadas com a pneumonia por coronavírus (COVID-19) tem por norma outros problemas de saúde. Estão, por exemplo, a fazer terapêuticas imunossupressoras, são diabéticos ou portadores de patologias cardiorrespiratórias que se complicam, e têm, normalmente, mais de 65 anos.

Quem é mais jovem e não tem doenças crónicas não corre risco?
Podem até vir a ter infeção, mas provavelmente não chegam a desenvolver a pneumonia por coronavírus. O risco poderá ser para quem contacta com essas pessoas. Suspeita-se que pessoas infetadas mas sem sintomas possam disseminar a doença e até mais facilmente, por não estarem isoladas.
A que sintomas devemos estar atentos?
Os sintomas são semelhantes aos de uma gripe: tosse, febre, expetoração e/ou falta de ar, sendo este um dos sinais mais importantes de que os pulmões não estão a ventilar devidamente. Nesses casos, deve ligar-se para o SNS 24 (808 24 24 24) e nunca ir diretamente a um serviço de saúde, evitando assim a eventual propagação do vírus.