Cansaço, tonturas, dores de cabeça: será que tenho anemia?

Cansaço, tonturas, dores de cabeça: será anemia?

Apesar do importante papel da alimentação nesta doença, se suspeita que poderá ter anemia, deve começar por ir ao médico.

  • PorCarmen SilvaJornalista

  • ColaboraçãoDra. Inês Pádua
    Nutricionista

A anemia é uma doença que resulta da diminuição do número dos glóbulos vermelhos no sangue, que é onde se encontra «a hemoglobina, uma proteína que assegura o transporte do oxigénio desde os pulmões até às várias partes do corpo», explica a nutricionista Inês Pádua à Revista Prevenir. Segundo a Organização Mundial da Saúde, isso verifica-se quando a concentração de hemoglobina é inferior a 13 g/dl nos homens, e a 12 g/dl nas mulheres com mais de 15 anos de idade e a 11 g/dl nas grávidas. Para o organismo produzir hemoglobina, precisa de ferro. Daí que a grande maioria dos casos de anemia «ocorra por deficiência de ferro (anemia ferropénica), sendo esta a deficiência nutricional mais frequente», sublinha a especialista. Entre as causas estão «perdas decorrentes, na sequência, por exemplo, de hemorragias, necessidades aumentadas de ferro não supridas e ingestão/absorção desadequada de uma forma geral», acrescenta.

As mulheres estão mais predispostas a este problema porque têm no seu ciclo de vida duas situações que podem resultar, mais frequentemente, em situações de anemia: perdas sanguíneas abundantes durante a menstruação e necessidades aumentadas de ferro na gravidez

Anemia: mulheres mais afetadas

A diminuição da hemoglobina para valores considerados baixos pode ainda «resultar da idade, sexo e etapa de crescimento». Inês Pádua explica que, por exemplo, «fases de crescimento rápido, como a idade pré-escolar e a adolescência, requerem maiores quantidades de ferro, existindo por isso um risco maior de anemia». Mas as mulheres estão mais predispostas a este problema porque «têm no seu ciclo de vida duas situações que podem resultar, mais frequentemente, em situações de anemia: perdas sanguíneas abundantes durante a menstruação e necessidades aumentadas de ferro na gravidez, devido ao elevado volume sanguíneo necessário ao desenvolvimento do bebé», especifica a nutricionista. Posto isso, e segundo o Food and Nutrition Board, a ingestão diária recomendada de ferro nas crianças dos 1 aos 3 anos é de 7 mg; dos 4 aos 8, 10 mg; e dos 9 aos 13, 8 mg. Já nas mulheres, dos 14 aos 18 anos é de 15 mg; dos 19 aos 50, 18 mg; e após os 51, 8 mg. Nas grávidas, as necessidades aumentam para 27 mg por dia. Quanto aos homens, o consumo diário recomendado, dos 14 aos 18 anos, é de 11 mg e, após os 19, 8 mg.

O ferro pode ser encontrado sob duas formas nos alimentos: ferro heme, presente quase exclusivamente em alimentos de origem animal, como a carne e o pescado; e ferro não heme, presente sobretudo nos vegetais

O papel da alimentação na anemia

Como a grande maioria dos casos de anemia ocorre por deficiência de ferro, «é possível reduzir o seu risco, assim como tratá-la, assegurando uma alimentação saudável, com um aporte adequado de ferro, adaptado a cada etapa do ciclo de vida», sublinha Inês Pádua, salvaguardando que, quando «existe já diagnóstico da doença, ou nos momentos em que se verifica maior necessidade de ferro (como na gravidez), poderá ser necessária a suplementação, contudo a alimentação será sempre importante». O ferro pode ser encontrado sob duas formas nos alimentos: «ferro heme, presente quase exclusivamente em alimentos de origem animal, como a carne e o pescado; e ferro não heme, presente sobretudo nos vegetais». Porém, como indica a nutricionista, «o ferro heme é melhor absorvido do que o não heme, sendo, por isso, ainda mais importante implementar estratégias que potenciam a absorção de ferro quando se consomem alimentos fonte de ferro não heme».

Alimentos que deve comer

De uma maneira geral, seguindo «as recomendações de quantidades e porções da Roda dos Alimentos (regime omnívoro) para os diferentes grupos de alimentos e, muito especificamente, para a carne/pescado e ovos, hortícolas e leguminosas, conseguiremos suprir as necessidades de ferro», refere Inês Pádua. As leguminosas devem, contudo, ser «demolhadas para potenciar a absorção deste micronutriente, pois assim diminui-se a concentração de ácido fítico, que se pode ligar ao ferro e reduzir a sua absorção», acrescenta. Por outro lado, misturar alimentos ricos em ferro de origem animal e vegetal «é uma boa estratégia (para quem inclui alimentos de origem animal na dieta) para tratar e prevenir a anemia, ou seja, consumir carne/peixe/ovo juntamente com leguminosas ou vegetais de folha verde-escura às refeições».

«O consumo de alimentos ou bebidas ricas em cafeína e em taninos (como chá, café, refrigerantes ou cacau) diminui a absorção do ferro»

Alimentos que deve evitar

Existem alimentos que podem, contudo, diminuir a absorção de ferro, «nomeadamente porque são fontes primordiais de nutrientes que competem com o ferro pelos transportadores utilizados», revela Inês Pádua. Falamos, por exemplo, dos alimentos «ricos em cálcio, nomeadamente leite e derivados». Por isso, estes «não devem ser consumidos ao mesmo tempo que alimentos ricos em ferro». Mas também o consumo de «alimentos ou bebidas ricas em cafeína e em taninos (como chá, café, refrigerantes ou cacau) diminui a absorção do ferro, pela formação de complexos, um aglomerado de substâncias que dificulta a absorção do ferro pelo organismo». Por este motivo, caso esteja a tomar suplementação de ferro, «deverá ser feito um intervalo de cerca de duas horas entre a toma dos suplementos e as refeições», salvaguarda a nutricionista.

Será anemia? Conheça os sintomas

O sintoma mais frequente da anemia «é uma sensação generalizada de fadiga», aponta Inês Pádua. Contudo, segundo a nutricionista, a diminuição progressiva do nível de glóbulos vermelhos/ hemoglobina determina o agravamento dos sintomas, podendo ocorrer:

  • Falta de força acentuada
  • Palidez
  • Tonturas
  • Dores de cabeça
  • Irritabilidade
  • Distúrbios de sono
  • Falta de apetite
  • Perturbações na concentração
  • Depressão
  • Baixa tensão arterial e desmaio
  • Ritmo cardíaco acelerado (taquicardia)
  • Unhas quebradiças

Vá ao médico se suspeitar de anemia

«Se verificar perdas sanguíneas ou na presença de sintomas sugestivos de anemia vá ao médico. Além disso, se numa análise sanguínea forem detetados valores anormais, é importante procurar o médico assistente e não tentar reverter a situação com a alimentação sem qualquer acompanhamento», alerta a nutricionista Inês Pádua.

Última revisão: Dezembro 2020

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