São o principal tratamento farmacológico para a depressão, sobretudo a de origem biológica. Atuando ao nível dos neurotransmissores, os antidepressivos regulam, assim, o humor. Como os «mecanismos exatos de atuação variam», existem vários tipos deste fármaco, explica o psiquiatra e psicoterapeuta Vítor Viegas Cotovio à Revista Prevenir. Neste sentido, a sua adequação a cada caso e o «respeitar os tempos de terapêutica» são fatores essenciais para que estes medicamentos surtam efeito. Salvo em casos excecionais, o psiquiatra deve prescrever doses baixas de antidepressivos e ir aumentando progressivamente, se necessário. Assim, identificará a dose mínima eficaz e aumentará a hipótese de resposta positiva aos medicamentos. Indicamos-lhe os antidepressivos mais usados para tratar a depressão, referindo para que casos são mais adequados cada um deles.
Classes de antidepressivos mais usados
De acordo com Vítor Cotovio, membro do Conselho Nacional de Saúde Mental, estes são os antidepressivos mais usados em Portugal no tratamento da depressão. Como qualquer fármaco, podem apresentar efeitos secundários em quem os toma. Conheça-os e saiba quais os antidepressivos mais usados em cada situação.
Inibidores da recaptação da serotonina (SSRIs)
- Substâncias ativas: Fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram, vortioxetina.
São os mais seguros e, muitas vezes, a primeira opção de tratamento. Os efeitos secundários incluem, entre outros, diminuição do desejo sexual e dificuldade de obtenção de orgasmo.
Inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina (SNRIs)
- Substância ativa: Duloxetina, venlafaxina.
Podem ter indicação para depressões com sintomas físicos, nomeadamente dor. Os efeitos secundários são equivalentes aos dos SSRIs.
Inibidores da recaptação da dopamina e noradrenalina (NDRIs)
- Substância ativa: Bupropiom.
São dos antidepressivos mais usados e têm efeitos secundários equivalentes aos dos SSRIs e SNRIs, com menor probabilidade de efeitos a nível sexual. Em doses altas, pode aumentar o risco de convulsões.
Antidepressivos atípicos e outros
- Substâncias ativas: Trazodona, mirtazapina, agomelatina.
Têm efeitos sedativos, podendo ser usados como indutores de sono. São tomados à noite e podem complementar a toma de outros antidepressivos mais usados na depressão.
Antidepressivos tricíclicos
- Substâncias ativas: Clomipramina, amitriptilina, nortriptilina, imipramina e trimipramina.
De antiga geração de antidepressivos mais usados, são tão eficazes como os mais recentes, mas têm mais efeitos secundários e mais sérios (sonolência, alterações do ritmo cardíaco, aumento de peso, dificuldades na acomodação visual). São uma solução de recurso quando um SSRI não resulta.
Inibidores da monoamina oxidase (IMAO)
- Substância ativa: Moclobemida.
Dividem-se em dois tipos: os irreversíveis e os reversíveis. Os primeiros, mais antigos, não são seletivos e têm efeitos secundários sérios, resultantes da interação com alimentos com tiramina (queijos, pickles e vinho tinto) e alguns medicamentos. Não podem ser combinados com SSRIs. Em Portugal, apenas estão disponíveis os reversíveis e seletivos da MAO-A (bloqueiam apenas este subtipo da enzima MAO).