O sangue tem uma multiplicidade de funções desde as trocas gasosas de oxigénio e dióxido de carbono até à defesa do organismo, passando pelo transporte de hormonas, eletrólitos, proteínas, sais minerais e efeito termorregulador. Graças ao coração (que o bombeia) e às veias (que o transportam), o sangue corre por todo o corpo, sendo composto por quatro elementos: glóbulos vermelhos e brancos, e plaquetas, produzidos pela medula óssea; e plasma, que é constituído pela água que é absorvida pelos intestinos (a partir do que ingerimos) e por proteínas fornecidas pelo fígado.
Composição do sangue
Um adulto de estatura regular tem em média 5 litros de sangue. Este é composto por cerca de:
- 55% plasma – transporta as células do sangue, proteínas e outras substâncias.
- Menos de 1% glóbulos brancos – conhecidos por leucócitos, têm como função atacar e destruir potenciais corpos estranhos prejudiciais à saúde.
- Menos de 1% plaquetas – são pequenas células que ajudam o sangue a coagular, prevenindo o sangramento.
- 45% glóbulos vermelhos – são responsáveis pelas trocas gasosas de oxigénio e de dióxido de carbono
Tipos de sangue: qual o seu?
«Tal como herdamos os genes dos nossos pais, também o nosso tipo de sangue é herdado deles», explica Maria Helena Gonçalves à Revista Prevenir. Os grupos sanguíneos para o sistema ABO são definidos pela «existência ou ausência de açúcares terminais nas membranas do glóbulo vermelho, característicos de cada grupo, e pelos anticorpos naturais e regulares existentes no plasma, que diferem dos antigénios existentes na membrana dos glóbulos vermelhos». Assim, existem quatro grandes grupos sanguíneos com antigénios específicos. Descubra-os na galeria de imagens.
Os 4 tipos de sangue
- Tipo A – o mais comum
É o mais comum na população portuguesa (46,6%). Tem o antigénio A nos glóbulos vermelhos, e anticorpos anti-B no plasma. - Tipo B – maior risco de diabetes
Tem o antigénio B e anticorpos anti-A no plasma. Sabe-se que este grupo tem mais risco de desenvolver diabetes tipo 2 do que os indivíduos do grupo O. Está presente em 7,7% da população. - Tipo AB – o mais raro
É o único que contém dois antigénios, o A e o B, sem conter qualquer anticorpo. É o menos comum na população portuguesa (3,4%). - Tipo O – o segundo mais comum
Não tem qualquer antigénio, mas contém dois anticorpos no plasma, o A e o B. Está presente em 42,3% da população portuguesa.
Fonte: Dados do estudo distribuição dos grupos sanguíneos na população portuguesa (2007), realizado pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação.
Tipos de sangue: positivo ou negativo?
Além do grupo sanguíneo, da cor dos olhos ou do cabelo, outra característica que herdamos dos nossos progenitores é o fator Rh que ficou assim designado por os cientistas o descobrirem enquanto estudavam os macacos Rhesus. Refere-se a «uma glicoproteína que se encontra na superfície dos glóbulos vermelhos», sendo «um grupo antigénio eritrocitário [dos glóbulos vermelhos] de grande importância na doença hemolítica do recém-nascido», explica Maria Helena Gonçalves à Revista Prevenir. Assim, os grupos sanguíneos subdividem-se entre negativos e positivos:
- Rh+ Quando contém a glicoproteína na superfície dos glóbulos vermelhos. É o tipo mais comum na sociedade portuguesa.
- Rh- Não contém a glicoproteína, mas tal não significa que quem o possua tenha uma saúde mais debilitada.
- A Rh+ É o tipo de sangue mais comum na população portuguesa.
- AB Rh- É o tipo de sangue menos comum na população portuguesa.
E se precisar de uma transfusão?
Nem todos os tipos de sangue são compatíveis, logo, quando é necessária uma transfusão, há que ter em conta o grupo sanguíneo do dador e do recetor, pois cada um tem distintos antigénios e anticorpos.
Existe um grupo que é considerado recetor universal, o AB Rh+, pois, «como apresenta na membrana dos glóbulos vermelhos antigénios A, B e Rh+, não cria anticorpos contra eles», diz Maria Helena Gonçalves.
O Rh- é conhecido por ser dador universal, uma vez que, ao «não apresentar na membrana do glóbulo vermelho antigénios A, B, AB e Rh+, quando administrado em pessoas de outros tipos de sangue, não vai produzir anticorpos contra eles», mas antes adaptar-se ao tipo de sangue existente, adianta a especialista.
Para poder doar sangue
- Deve ter entre 18 e 65 anos e peso igual ou superior a 50 kg.
- Ter hábitos de vida saudáveis.
- Caso tenha feito uma tatuagem, deixar passar pelo menos 4 meses após a sua realização. Nestes casos, é necessário fazer-se o teste da hepatite C (o qual deve dar negativo).
É possível mudar de grupo sanguíneo, sabia?
Apesar de raros, «há casos em que o tipo de sangue pode mudar, como quando se recebe um transplante de medula óssea, em que o recetor fica com o grupo sanguíneo do dador. A medula do paciente foi destruída pela quimioterapia e/ou radiações, e, ao receber a de um dador, o recetor, se a transplantação tiver êxito, passa a ter o seu grupo sanguíneo. É a chamada “quimera terapêutica”», descreve Maria Helena Gonçalves.
Alimentos amigos do sangue
A anemia ferropénica é uma das doenças do sangue mais frequentes, motivada «por falta de ferro. Uma alimentação saudável com muitos nutrientes, nomeadamente alimentos ricos em ferro, tem um papel muito importante na prevenção desta doença», sublinha Maria Helena Gonçalves.
- Fígado de galinha ou vaca
- Carne de vaca, galinha, peru
- Ovos, tofu
- Feijão, grão, ervilhas, lentilhas
- Espinafres, brócolos
- Sardinha em lata, salmão, atum, perca, amêijoas, ostras
Outras doenças do sangue incluem «a hemofilia, anemia falciforme (doenças hereditárias), a talassemia e a leucemia. A leucemia aguda é o tipo de cancro mais comum na infância», afirma Maria Helena Gonçalves.
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