Os raios solares e a sua pele

Os raios solares: UVA, UVB, IV, LV

O que importa mais ao escolher um protetor solar: se nos protege dos raios UVA, dos UVB, dos infravermelhos… ou de todos os raios solares? A médica dermatologista Joana Dias Coelho explica como a pele é afetada pelos vários tipos de radiação solar e qual a melhor forma de se proteger.

  • PorCarmen SilvaJornalista

  • ColaboraçãoDra. Joana Dias CoelhoMédica dermatologista

Quando atinge a superfície terrestre, a radiação emitida pelo sol (os raios solares) chega sob a forma de radiação ultravioleta (UV), visível (V) e infravermelha (IV). A atmosfera do planeta absorve e reflete a maioria destas radiações e, por isso, apenas sete por cento atinge a superfície terrestre. Num dia de verão, sem nuvens, ao meio-dia, o espectro solar é constituído, aproximadamente, por 50 por cento de radiação IV, 45 por cento de radiação ou luz visível e cinco por cento de radiação UV. «Bronzear significa que a radiação ultravioleta estimulou os melanócitos, as células produtoras de melanina, pigmento responsável pelo aspeto bronzeado da pele. O bronzeado é, assim, sinal de que houve exposição a uma radiação que aumenta o risco de cancro da pele», explica Joana Dias Coelho, médica dermatologista, que nos ajuda a perceber a ação dos vários tipos de radiação e como nos devemos proteger.

Não use o protetor solar do ano anterior. Com o calor, pode ter havido degradação ou oxidação de componentes, não estando garantida a eficácia do produto

Os raios solares: os 3 tipos

Existem três tipos de raios solares: infravermelhos, luz visível e ultravioleta. Joana Dias Coelho explica em que consiste cada um deles e qual o seu efeito na nossa pele.

Radiação infravermelha

A radiação infravermelha (IV) é a radiação térmica (calor) emitida pelo sol e divide-se em IVA, IVB e IVC. Apesar de ser a radiação que chega em maior quantidade à superfície terrestre e «penetrar bastante na pele (até à camada de gordura), não tem efeitos nocivos, exceto transmitir uma sensação de calor», revela médica dermatologista Joana Dias Coelho. Há protetores solares que já oferecem proteção para este tipo de radiação.

Luz visível

A luz visível vai desde o violeta ao vermelho e é graças a ela que nos mantemos quentes e conseguimos ver o que nos rodeia. Este tipo de radiação «consegue penetrar profundamente na pele, chegando também até à camada de gordura», refere a especialista. A exposição à luz visível «potencia a pigmentação da pele, principalmente a morena, favorecendo o aparecimento de hiperpigmentações e melasma, e aumenta a produção de radicais livres, que favorecem o envelhecimento da pele». Existem, por isso, protetores solares «com filtros e pigmentos que protegem da luz visível», acrescenta.

Radiação ultravioleta

É influenciada pela inclinação do Sol, latitude, altitude, nebulosidade, ozono e pela forma como é refletida depois de chegar à superfície terrestre, dividindo-se em UVA, UVB e UVC. Esta última, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO), é totalmente absorvida, juntamente com 90 por cento da UVB, pela atmosfera. Quanto à radiação UVA, pouco sofre ao atravessar a atmosfera e, por isso, chega em maior quantidade. Estes dois tipos de radiação são os mais nocivos para a saúde, penetrando na pele de forma diferente: enquanto a UVA «atinge a epiderme e a derme», a UVB «atinge unicamente a epiderme», indica Joana Dias Coelho. Isto significa que «a radiação UVA consegue penetrar mais fundo» e, até «por existir em maior quantidade e ser praticamente constante durante todo o ano, é considerada a radiação mais perigosa».

Os raios solares UV e os riscos para a saúde

A radiação UVB provoca «um eritema em quatro horas, resultando em queimaduras e ardor», descreve Joana Dias Coelho. A longo prazo, ainda de acordo com a médica dermatologista, «provoca danos no ADN, aumentando o risco de cancro cutâneo». Já a radiação UVA «tem uma ação, a curto prazo, de bronzeamento e, a longo prazo, de surgimento de manchas e rugas finas e profundas, sendo os danos causados por este tipo de radiação a principal causa de envelhecimento da pele». Provoca ainda, à semelhança da UVB, danos no ADN, devido à formação de radicais livres, levando ao cancro cutâneo», alerta a especialista. A exposição à radiação ultravioleta é, contudo, necessária para a produção de vitamina D, mas «bastam apenas alguns minutos de exposição de manhã e à tarde», especifica Joana Dias Coelho.

Não se esqueça de aplicar protetor solar no dorso dos pés, na nuca e nas orelhas, zonas muitas vezes esquecidas

Tipos de proteção contra os raios solares UV

  • FPS: a proteção UVB

A utilização diária de protetor solar «é fundamental e necessária», sendo que é «o fator de proteção solar (FPS ou SPF) que indica o nível de proteção para a radiação UVB», salienta a especialista. O seu número indica o tempo que se pode ficar ao sol sem que a pele fique vermelha: 30 vezes mais tempo do que sem protetor no caso de um FPS 30 e assim sucessivamente até ao 50+. «A Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia recomenda a utilização de protetor solar com FPS igual ou superior a 30», diz Joana Dias Coelho, explicando que «os FPS mais baixos não estão recomendados, por não cumprirem a função de prevenção do cancro cutâneo».

  • PPD: a proteção UVA

classificação da proteção para este tipo de radiação «não é tão padronizada como para a UVB», daí que «devamos verificar, na embalagem, se o protetor tem um bom índice de proteção UVA», refere a médica dermatologista. É o persistent pigment darkening (PPD) que indica o nível de proteção contra a radiação UVA, mas é um dado que não aparece em muitos dos protetores porque apenas é exigido, pela legislação europeia, que a proteção UVA corresponda a um terço da proteção UVB e que as marcas coloquem a menção “UVA” na embalagem. Um protetor com FPS 30 tem de ter, no mínimo, um PPD 10. Alguns protetores possuem um círculo à volta da designação UVA e outros colocam a indicação PA, que tem quatro níveis: PA+ (proteção baixa); PA++ (proteção média), PA+++ (proteção alta) e PA++++ (proteção muito alta).


Tipos de filtro contra os raios solares UV

Os protetores solares são constituídos por moléculas que funcionam como filtro solar e pelo excipiente (uma envolvente que pode ser em creme, gel, óleo ou spray), que, não tendo efeito protetor, serve para tornar a aplicação mais agradável.

  • Filtros inorgânicos ou físicos

«Refletem a radiação ultravioleta, não a deixando penetrar na pele», descreve Joana Dias Coelho. Além disso, de acordo com a Academia Espanhola de Dermatologia e Venereologia, têm ação contra a radiação visível e infravermelha. São especialmente indicados em caso de doenças dermatológicas, «em crianças menores de 2 anos e sempre que há uma alergia ao sol», especifica a médica dermatologista.

  • Filtros orgânicos ou químicos

São os mais utilizados e «deixam os raios solares penetrar, mas não os deixam lesar a pele», indica a médica dermatologista.

  • Filtros biológicos

«Atuam diretamente sobre o mecanismo que altera a luz solar a nível celular. Enquanto bloqueiam os raios solares, reparam o ADN», segundo o artigo 50 Dudas sobre el Sol, da Academia Espanhola de Dermatologia e Venereologia, onde se lê que são «os fotoprotetores do futuro».


Como é a sua pele?

O protetor solar, sobretudo o da face, deve ser adequado ao tipo de pele.

  • Se tem a pele oleosa, prefira uma fórmula oil-free. Em caso de pele seca, opte por uma textura mais cremosa.
  • Se a sua pele reage à aplicação de protetor solar, escolha uma fórmula indicada para peles sensíveis.

Fonte: dados adaptados de Joana Dias Coelho, médica dermatologista


A roupa também ajuda a proteger dos raios solares

Além do protetor solar, existem outros cuidados diários que ajudam a protegermo-nos do sol.

  • Use chapéu para proteger o couro cabeludo e a cara. A sombra, em toda a cara, deve ser uniforme.
  • Use calças e opte por T-shirts brancas de algodão, de preferência de manga comprida.
  • Não se esqueça dos óculos de sol com certificado de qualidade, adquiridos em óticas.

Proteção contra os raios solares: Fixe estes números

16 horas: Evite o sol nesta altura: é o período «mais perigoso. A radiação UVB é francamente superior e a UVA mantém-se mais ou menos constante durante o dia e o ano», explica Joana Dias Coelho, médica dermatologista.

30 minutos antes de se expor ao sol, aplique o protetor. O mais prático é fazê-lo ainda em casa.

2 horas: intervalo máximo entre aplicações de protetor solar.

15 minutos: reaplique o protetor solar sempre que esteja mais de 15 minutos dentro de água.

Última revisão: Julho 2019

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