A melhor forma de arrefecer a casa sem afetar a sua saúde

A melhor forma de arrefecer a casa

Pondere os prós e contras de cada tipo de aparelho e aprenda a arrefecer a casa da forma mais eficiente e, sobretudo, amiga da sua saúde.

  • PorCarlos Eugénio AugustoJornalista

  • ColaboraçãoDr. Jaime PinaMédico especialista em Imunoalergologia e Pneumologia

A temperatura média em Portugal tem aumentado cerca de 0,2ºC por década nos últimos 70 anos, fruto das alterações climáticas, cujos efeitos podem ser sentidos, em especial, perante verões cada vez mais quentes, concluiu um estudo apresentado recentemente pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Como efeito, as nossas casas estão mais quentes, o que «interfere diretamente no nosso bem-estar e saúde», confirma Jaime Pina, médico especialista em Imunoalergologia e Pneumologia, à Revista Prevenir.

Nos dias mais quentes, mantenha as janelas, portadas ou persianas fechadas. Desta forma, diminui até 30 por cento da temperatura interior das habitações

A temperatura ideal

«A temperatura recomendada e confortável para o ser humano dentro das habitações situa-se entre os 21ºC e os 25ºC. No verão é recomendável que o ambiente se mantenha perto dos 25ºC, pois é importante é evitar grandes diferenças entre as temperaturas dentro de casa e na rua. E não podemos esquecer outro componente que influencia o ambiente: a humidade. Assim, a nossa faixa de comodidade é, além do intervalo de temperatura referido, manter o ambiente entre os 50 e os 60 por cento de humidade».

Arrefecer a casa, sem prejudicar a saúde

Entre as formas mais comuns de arrefecer a casa, Jaime Pina refere a utilização de «ventiladores, também conhecidos por ventoinhas, o recurso ao arrefecimento por nebulização (sistema ventilado que liberta vapor de água em alta pressão) ou optar por um sistema de ar condicionado». No entanto, «tão importante como tornar a casa mais fresca e confortável, é avaliar os prós e contras desses aparelhos e fazer uma utilização correta para evitar tornar o ambiente muito seco ou frio (em particular no caso do ar condicionado), factos que contribuem para a desidratação da pele e mucosas, e facilita a entrada de vírus e bactérias no organismo», alerta Jaime Pina. «Só assim, podemos evitar alguns problemas de saúde, em especial infeções respiratórias como rinite, faringite, bronquite e, nos casos mais graves, pneumonia, ou contribuir para a ocorrência ou agudização de crises de inflamação do nariz, olhos e pele, em particular nos portadores de doenças alérgicas e respiratórias crónicas, pessoas que não devem ser sujeitas a uma exposição prolongada a qualquer sistema de arrefecimento, sobretudo quando mal utilizado».

Não durma com o ar condicionado ligado

«É um erro comum e pode ter consequências graves para a saúde. Acompanho doentes que decidiram dormir com o fluxo do aparelho virado para si e/ou em tronco nu, e apanharam pneumonias. Essa opção pode ainda dar origem a contraturas musculares nos ombros e pescoço. O ideal é programar o aparelho entre os 21 e os 25ºC, para criar ambiente e, antes de dormir, desligá-lo», aconselha o especialista


Antes de arrefecer a casa, reduza o calor

Se evitar que o calor entre dentro de casa, vai estar a poupar na energia necessária para arrefecer a casa.

  1. Crie uma “barreira” contra o calor
    «Nos dias mais quentes, mantenha as janelas, portadas ou persianas fechadas. Assim diminui-se até 30 por cento da temperatura interior das habitações. Molhar o chão – em pisos de pedra ou tijoleira – também pode ajudar.»
  2. Substitua o ar mais quente por fresco
    «Abra as janelas, criando o efeito “corrente de ar”, quando a temperatura exterior é inferior à interior. Outra prática útil é criar um “túnel de vento” com a ajuda de uma ventoinha portátil, virada na direção do fluxo de ar.»
  3. Use lâmpadas LED
    «Além de produzir muitíssimo menos calor que as incandescentes, são mais económicas. As lâmpadas fluorescentes são também uma boa opção.»
  4. Use vidros refletores
    «Estes vidros reduzem a entrada de calor até cerca de 70 por cento, pois impedem a passagem da radiação calorífera. Num ambiente como o que se vive em Portugal, esta pode ser uma solução tão ou mais eficaz que o ar condicionado, mas isso pressupõe uma arquitetura adequada, de forma a condicionar a exposição solar. Os únicos contras são a menor entrada de luz e serem ainda muito caros.

Sistemas de arrefecimento: prós e contras

«Ao escolher e usar aparelhos que ajudam a arrefecer a casa, é essencial encontrar uma solução simultaneamente eficaz e saudável para não pôr em causa a qualidade do ambiente», refere Jaime Pina, médico imunoalergologista e pneumologista.

Ventiladores ou ventoinhas
«É o sistema mais utilizado para arrefecer a casa, seja na versão de teto ou portátil», relata o especialista.

  • Vantagens «Apesar de não produzirem frio nem baixarem a temperatura, ao “agitar” o ar, dão a impressão de que está menos calor. A renovação do ar da habitação utilizando uma corrente de ar, quando no exterior este está mais frio, pode ser potenciada por uma ventoínha virada na direção do fluxo, criando um túnel de vento que potencia a explosão do ar quente.»
  • Desvantagens «Por terem um motor elétrico, produzem calor. Ao agitar o ar, há uma corrente constante que pode desidratar pele, olhos e mucosas respiratórias. Estas têm um muco protetor que impede o acesso a vírus e bactérias, mas quando há desidratação, o organismo fica vulnerável. É por isso que quem usa estes aparelhos, principalmente se direcionados para si, tem maior probabilidade de ter infeções respiratórias. Também levantam poeiras do chão, o que afeta sobretudo doentes alérgicos e pode provocar rinite, asma e conjuntivite alérgica.»

Ar condicionado
«É o único equipamento que produz ar frio. No entanto, para se retirar o melhor rendimento, deve adequar-se a sua potência à área da divisão e respeitar as regras de manutenção», indica Jaime Pina.

  • Vantagens «Permite determinar uma temperatura específica, tendo ainda a capacidade de controlar a humidade do ar. Quando bem instalado, mantido e gerido, é o método mais eficiente para arrefecer a casa», considera o especialista.
  • Desvantagens «Se produzir demasiado frio, pode provocar tosse, congestionamento nasal e tendência para espirrar, sintomas que resultam de inflamações respiratórias como faringite, rinite, bronquite ou pneumonia. O seu funcionamento pode também tornar o ar demasiado seco e levantar poeiras, afetando as mucosas oculares e respiratórias. É também por isso que se recomenda a limpeza e lavagem dos filtros uma vez por mês, para evitar a acumulação de poeiras e, sobretudo, bactérias, vírus e fungos.»

Arrefecimento por nebulização
«Método inovador que combina uma ventoinha e água, permitindo lançar uma “névoa” para o ambiente, tornando-o mais fresco».

  • Vantagens «Baixa a temperatura entre quatro e dez graus e aumenta o nível de humidade, o que dificulta, por exemplo, a ação de melgas», refere o especialista.
  • Desvantagens «Apesar desse efeito inibidor face aos insetos, o próprio aparelho pode ser utilizado para veicular substâncias químicas com ação inseticida e aromatizadora do ambiente que, eventualmente, poderão ser prejudiciais à saúde. Também a água utilizada por este aparelho pode ser um problema, pois, caso não se faça a devida limpeza e manutenção, pode ser fonte de organismos nocivos à saúde, como por exemplo fungos e as chamadas “bactérias da água”.»
Última revisão: Agosto 2019

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