A literacia em saúde é, segundo o projeto Saúde que Conta, «a capacidade individual em obter, processar e interpretar informação básica em saúde e serviços de saúde, tendo por finalidade uma tomada de decisão autónoma». A promoção da literacia em saúde, junto das pessoas, das comunidades, e das organizações, é «uma importante oportunidade e desafio da Saúde Pública», afirma a Direção-Geral da Saúde no Plano de Ação que traçou para 2019-2021.
Literacia em saúde em Portugal
Os dados de um estudo realizado no âmbito do projeto Saúde que Conta – uma iniciativa de investigação nacional que pretende acompanhar, avaliar, debater e promover a participação ativa do cidadão no panorama nacional de saúde – demonstraram que cerca de 61 por cento da população inquirida em Portugal apresenta um nível de literacia em saúde inadequado ou problemático. Por conseguinte, a compreensão de informação médica pode constituir um desafio.
De acordo com os resultados do Inquérito sobre Literacia em Saúde em Portugal 2016, (ILS-PT), comparando com os países participantes no Health Literacy Survey EU 2014 (HLS-EU), Portugal é o país que apresenta menor percentagem de pessoas com um nível excelente de literacia em saúde (8,6%) e com a média europeia (16,5%). Encontra-se em 2º lugar no que se refere à percentagem de pessoas com nível suficiente de literacia em saúde (42,4%), sendo que a média europeia é de 36%. No que se refere à percentagem de pessoas com um nível problemático de literacia em saúde, Portugal apresenta um valor mais elevado (38,1%) do que a média europeia (35,2%). Com nível inadequado, apresenta um valor inferior (10,9%) ao da média europeia (12,4%).
Quem são os grupos mais vulneráveis
O estudo ILS-PT identificou grupos muito vulneráveis na população portuguesa: grupos em que 60% das pessoas registam níveis de literacia “problemático” ou “inadequado” com representação maior ou igual a 5% na amostra:
- Pessoas com 65 ou mais anos
- Com baixos níveis de escolaridade
- Com rendimentos até 500€ mensais
- Com doenças crónicas
- Com uma auto-percepção de saúde “má”
- Que frequentaram, no último ano, 6 ou mais vezes, os cuidados de saúde primários
- Que se sentem limitados por terem alguma doença crónica
Por que é importante saber sobre saúde?
Tornar as pessoas mais educadas em saúde pode levar a uma melhor utilização dos serviços e recursos de saúde. E portanto, também, a uma diminuição dos comportamentos de risco e gastos no setor.