Prosopagnosia: que doença é esta que Brad Pitt afirma ter?

Prosopagnosia ou cegueira facial: que doença é esta que Brad Pitt afirma ter

Também chamada cegueira facial, a prosopagnosia é um distúrbio neurológico caracterizado pela incapacidade de reconhecer rostos. De outras pessoas e até do próprio.

  • PorVanda OliveiraJornalista

  • FontesNational Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS)National Health Service (NHS)

Prosopagnosia ou cegueira facial é o nome de uma doença que muitos de nós estamos a ouvir pela primeira vez após a notícia de que o ator Brad Pitt poderá sofrer deste distúrbio. O termo vem das palavras gregas para “face” (prosop) e “falta de conhecimento” (agnosia). Como o nome indica, caracteriza-se pela incapacidade de reconhecer rostos. «Dependendo do grau de deficiência, algumas pessoas com prosopagnosia podem ter dificuldade em reconhecer um rosto familiar; outros serão incapazes de discriminar entre rostos desconhecidos, enquanto outros ainda não serão capazes de distinguir um rosto de um objeto. Algumas pessoas são até incapazes de reconhecer o seu próprio rosto», explica o National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS).

«Ningém acredita em mim!», desabafa Brad Pitt

Foi na edição de agosto da revista GQ, que o ator falou sobre este problema. «Ninguém acredita em mim!», queixa-se Brad Pitt. «Quero conhecer outras pessoas que tenham esta doença», desabafa o ator entrevistado pela escritora Ottessa Moshfegh para a edição britânica da revista masculina.

A doença não está relacionada com perda de memória, problemas de visão ou dificuldades de aprendizagem

«Pitt já falou no passado sobre um problema curioso que tem em ambientes sociais, principalmente em festas. Ele luta para se lembrar de novas pessoas, para reconhecer os seus rostos, e teme que isso tenha levado a uma certa imagem que têm dele: de que é distante, inacessível, egocêntrico. Mas a verdade é que ele quer lembrar-se das pessoas que conhece e tem vergonha de não conseguir. Ele nunca foi diagnosticado oficialmente, mas acha que pode sofrer de uma condição específica: prosopagnosia, uma incapacidade de reconhecer os rostos das pessoas também conhecida como cegueira facial», conta Ottessa Moshfegh num artigo que assina para a GQ.

 

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Um problema que afeta a área do cérebro responsável pela perceção facial

A doença não está relacionada com perda de memória, problemas de visão ou dificuldades de aprendizagem, indica o National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS). «Acredita-se que a prosopagnosia seja o resultado de anomalias, danos ou deficiências no giro fusiforme direito, uma área do cérebro que parece coordenar os sistemas neurais que controlam a percepção e memória faciais. A prosopagnosia pode resultar de acidente vascular cerebral, lesão cerebral traumática ou certas doenças neurodegenerativas. Em alguns casos, é um distúrbio congénito, presente desde o nascimento na ausência de qualquer dano cerebral. A prosopagnosia congénita parece ocorrer em famílias, o que torna provável que seja o resultado de uma mutação genética. Algum grau de prosopagnosia está frequentemente presente em crianças com autismo e síndrome de Asperger, e pode ser a causa de seu desenvolvimento social prejudicado», lê-se no site da instituição norte-americana.

 

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Acompanhar o enredo de um filme pode ser quase impossível

A prosopagnosia pode ser socialmente incapacitante. «Indivíduos com o transtorno, geralmente têm dificuldade em reconhecer membros da família e amigos próximos», lê-se no site do National Institute of Neurological Disorders and Stroke. Uma pessoa com prosopagnosia pode evitar a interação social e desenvolver transtorno de ansiedade social. Estas pessoas «também podem ter dificuldade em formar relacionamentos ou enfrentar problemas com a sua carreira. Sentimentos de depressão são comuns», indica o site do NHS, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido.

«Algumas pessoas com prosopagnosia podem nem reconhecer o seu próprio rosto no espelho»

«Algumas pessoas com prosopagnosia não conseguem reconhecer certas expressões faciais, julgar a idade ou sexo de uma pessoa ou seguir o olhar de alguém. Outras podem nem reconhecer o seu próprio rosto no espelho ou nas fotografias», lê-se no site inglês. A prosopagnosia pode até afetar a capacidade de reconhecer objetos, como lugares ou carros. Muitas pessoas também têm dificuldade em deslocar-se. «Isso pode envolver uma incapacidade de processar ângulos ou distâncias, ou problemas para lembrar lugares e pontos de referência», indica o NHS.

«Acompanhar o enredo de filmes ou séries pode ser quase impossível para alguém com prosopagnosia pela dificuldade que estas pessoas têm em reconhecer os personagens. Alguém com prosopagnosia pode recear parecer rude ou desinteressado quando não consegue reconhecer uma pessoa», acrescenta o NHS.

Como se diagnostica a prosopagnosia

Se tem dificuldade em reconhecer a cara das pessoas e desconfia que sofre deste problema deve procurar ajuda médica. O neuropsicólogo é o especialista indicado para fazer o diagnóstico, de acordo com o NHS. O médico fará «uma série de testes de forma a avaliar sua capacidade de reconhecimento facial, entre outras», lê-se no site do Serviço Nacional de Saúde britânico.

Estes são alguns dos testes que poderão ser feitos, de acordo com o Serviço Nacional de Saúde britânico:

  • Memorizar e depois reconhecer rostos que o paciente nunca tinha visto;
  • Reconhecer rostos de pessoas famosas;
  • Detetar semelhanças e diferenças entre rostos apresentados lado a lado;
  • Avaliar idade, género ou expressão emocional de um conjunto de rostos.

Reconhecimento através da voz, roupa e atributos físicos

Não existe um tratamento específico para esta doença que ainda não tem cura. O foco do tratamento deve ser ajudar o doente com prosopagnosia a desenvolver estratégias compensatórias. «Adultos que têm esta condição podem ser treinados para usar outras formas de identificar os seus amigos, por exemplo através da voz, da roupa ou de atributos físicos, mas não são tão eficazes quanto o reconhecimento facial o qual são incapazes de fazer», lê-se no site do National Institute of Neurological Disorders and Stroke.

Última revisão: 7 de julho de 2022

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