Embora seja mais conhecida pela vertente tecnológica, na Web Summit 2021 também se discutiram outros temas tão díspares como criatividade, o futuro das sociedades, marketing e comunicação ou finanças. O palco HealthConf, tal como o nome indica, era dedicado à saúde. O objetivo foi saber como é que a tecnologia irá ajudar-nos a ter uma vida mais longa e saudável. Os profissionais que em todo o mundo estão a redefinir a saúde e as principais empresas de medicina tecnológica estiveram lá e ajudaram a encontrar respostas. A Revista Prevenir registou tudo e reúne neste artigo as novidades que mais surpreenderam a nossa equipa.
Web Summit 2021: 5 revelações surpreendentes
1. O chocolate, tal como o conhecemos, poderá acabar. Mas já existe uma alternativa
«Conseguem imaginar o mundo sem chocolate? Uma visão horrível, não é? Mas a produção de chocolate não é sustentável e o abastecimento está ameaçado.» Foi desta forma que, na noite inaugural da Web Summit 2021, a cientista Sara Marquart iniciou a sua apresentação no palco central da cimeira. Ela e o irmão criaram recentemente Qoa, uma marca de chocolate sustentável, saudável e delicioso, assegurou-nos. «Mesmo quem não aprecia chocolate vai gostar.» Feitos a partir de cereais fermentados, os chocolates Qoa não contêm cacau na sua composição. É esta a fórmula para que a produção seja sustentável. Ainda não experimentámos, mas está para breve. Pode pedir o seu test kit gratuito e provar também.
2. Vem aí um método anticoncecional 100 por cento digital
Na verdade, a tecnologia já existe e, possivelmente, está instalada no seu smartphone ou no de alguém próximo de si. A aplicação Clue permite monitorizar o ciclo menstrual, nomeadamente a fase do período e da ovulação. As duas CEO da marca subiram ao palco HealthConf da Web Summit 2021 para explicar a sua visão para uma nova contraceção. «Não existe nenhum método 100 por cento seguro. A nossa app oferece uma eficácia de 92 a 97 por cento, semelhante à dos métodos anticoncecionais tradicionais», referiram. Agora, a marca está em vias de anunciar o controlo de natalidade 100 por cento digital com a autorização da FDA, a autoridade do medicamento norte-americana.
3. O primeiro fillet mignon vegan do mundo acaba de ser inventado e nós experimentámos
No segundo dia do evento, a estrela do palco Q&A foi o designer e ilustrador esloveno Vladimir Mićković. Ele e um grupo de amigos acabam de fundar a Juicy Marbles e esta foi a sua primeira apresentação ao público. A marca criou o primeiro filet mignon vegan do mundo. «É preciso ser um ótimo chef para cozinhar um bom filet mignon. O nosso, até quando sou eu a fazer fica perfeito», contou-nos enquanto os co-fundadores da marca cozinhavam para a audiência. «Com recurso a tecnologia, conseguimos recriar o que há de melhor num bom filet mignon e torná-lo mais barato e amigo do ambiente. A forma, a textura, o aroma…. Está tudo lá», refere. Nós provámos e confirmamos.
4. Acabar com o ódio online é o objetivo de uma nova fundação apresentada na Web Summit 2021 por uma estrela do futebol
O ex-jogador de futebol francês esteve em Lisboa para lançar a Fundação GOL – Game of Our Lives. Acabar com o discurso de ódio online é a missão da instituição. O projeto é apoiado pela Puma e pretende envolver 50 clubes, 500 embaixadores e 30 milhões de utilizadores.
5. Voltar a andar após paralisia? Um novo tratamento já foi testado em nove pacientes e resultou
David Mzee caminhou pelo seu próprio pé no palco HealthConf da Web Summit 2021. Antes da sua aparição em público, o professor de Neurociência Grégoire Courtine e a neurocirurgiã Jocelyne Bloch, da EPFL contaram a história do atleta para que a plateia percebesse o milagre daqueles passos. Em 2010, após um acidente num treino de ginástica em Zurique, David Mzee ficou paraplégico. Pernas e braços paralisados. Três anos depois, Gregoire Courtine, trabalhando em colaboração com a Fundação Christopher e Dana Reeve (fundada pelo ator que vestiu a pele de Super-Homem no cinema), apresentava numa conferência TED o seu feito: ele e a sua equipa tinham conseguido, através da estimulação da espinal medula, que um ratinho paralisado voltasse a andar. Em 2016, tinha chegado a altura de testar o tratamento em humanos. David Mzee foi o primeiro de nove pacientes que já beneficiaram deste avanço médico. A estimulação da espinhal medula funciona como um pacemaker e é ativada através de um relógio no pulso de David. O atleta consegue caminhar com a ajuda de um andarilho e todos os dias a sua locomoção melhora. «As mudanças são diárias. É como o cabelo a crescer. Não notamos, mas se alguém te vê passado um ano diz: “Uau! O teu cabelo está enorme!»
E daqui a 5 anos…
O seu médico poderá prescrever psicadélicos para tratar doenças mentais
«Há mais de 20 anos que não há inovação no tratamento das doenças psiquiátricas. Ter esta nova ferramenta é um avanço incrível», afirma Robert Barrow, CEO da MindMed. Este farmacologista médico subiu ao palco HealthConf da Web Summit 2021 para falar daquilo a que intitulou Terapia 2.0: o próximo passo na saúde mental. «Os antidepressivos são um fármaco fantástico, mas têm problemas. Além dos efeitos secundários, cerca de dez a 20 por cento dos pacientes não melhoram com o tratamento. Os psicadélicos irão provocar uma mudança revolucionária no tratamento da depressão, da ansiedade ou da hiperatividade e défice de atenção», promete Robert Barrow. Menos de uma hora depois, no mesmo palco, Ekaterina Malievskaia, co-fundadora da Compass Pathways, assegurou que os psicadélicos estão prestes a ganhar protagonismo na Medicina e arrisca uma previsão: «Daqui a 5 anos o tratamento será aprovado e prescrito em grande escala. Quando os médicos virem a transformação que os psicadélicos produziram nos seus pacientes, vão querer prescrevê-los. O tratamento falará por si».