Uma infeção – viral ou outra – tem sempre um de três resultados possíveis para o doente infetado: a cura completa, a cura com sequelas e a morte. No caso da infeção pelo SARS-CoV-2, verifica-se um grande domínio do primeiro resultado: dos casos ativos, 99,6 por cento tem quadros leves, mas, dos casos resolvidos, cerca de três por cento vem a morrer e, dos 97 por cento restantes, uma percentagem importante dos casos mais graves virá a ficar com sequelas mais ou menos permanentes: é o chamado Long-COVID.
«Dos casos ativos, 99,6 por cento tem quadros leves, mas, dos casos resolvidos, cerca de três por cento vem a morrer e, dos 97 por cento restantes, uma percentagem importante dos casos mais graves virá a ficar com sequelas: é o chamado Long-COVID»
Que sequelas são estas?
Uma das melhores séries publicadas (The Lancet 2021; 397: 220–32) seguiu 1733 doentes durante seis meses depois de alta hospitalar, tendo identificado que 76 por cento dos doentes reportava pelo menos um sintoma (com uma proporção superior nas mulheres), 63 por cento apresentava fadiga marcada ou fraqueza muscular, 26 por cento tinha alterações do sono e 23 por cento apresentava sintomas de ansiedade ou depressão. Além disso, as provas de função respiratória e as imagens radiológicas do pulmão mantinham-se anormais num significativo número de casos. As mulheres e os doentes mais graves – por exemplo, os que tinham recebido ventilação assistida durante o seu internamento numa unidade de cuidados intensivos – apresentavam mais frequentemente estas alterações.
E quais as consequências?
Não sabemos, mas estes são os doentes sobre os quais deverá incidir com maior intensidade a atenção médica, para deteção da evolução sintomática, de complicações esperadas ou inesperadas, assim como de eventual reinfeção viral. É importante relembrar que estes casos de Long-COVID emanam prioritariamente dos doentes internados e com complicações graves, o que significa que os doentes mais leves poderão apresentar aqui e ali sintomas, mas nada de semelhante ao Long-COVID.
Sequelas da COVID-19: físicas e psicológicas
Uma série de estudos, que acompanharam a evolução de 1733 doentes durante seis meses após terem tido alta hospitalar, identificou as seguintes alterações, mais frequentes em mulheres e doentes mais graves, que receberam ventilação assistida:
- 76% reportou pelo menos um sintoma.
- 63% apresentou fadiga ou fraqueza muscular.
- 26% teve alterações do sono.
- 23% apresentou sintomas de ansiedade ou depressão.
Olfato e paladar voltam num curto espaço de tempo
A perda destes dois sentidos é consequência da infeção aguda e raramente persiste além desta fase. Não sendo propriamente sequelas, acabam por se resolver num curto espaço de tempo