Posso ter gripe e COVID-19 em simultâneo?

Posso ter gripe e COVID-19 em simultâneo?

«Num ano típico, dez a 30 por cento da população mundial apanha gripe, pelo que a ausência de gripe durante dois anos consecutivos diminuiu seguramente a imunidade global contra as estirpes de influenza sazonal», explica António Vaz Carneiro, neste artigo.

  • PorProfessor Doutor António Vaz CarneiroMédico especialista em Medicina Interna, Nefrologia e Farmacologia Clínica, Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde preside ao Instituto de Saúde Baseada na Evidência. Diretor da Cochrane Portugal e coordenador do Choosing Wisely Portugal, projeto da Ordem dos Médicos

Com a pandemia da COVID-19, a maior parte das pessoas pouco se lembra da gripe sazonal, mas, como acontece todos os anos nos meses de inverno desde que estas doenças transmissíveis são estudadas, temos de esperar a circulação na comunidade de várias espécies de vírus (conhecidas ou não): influenza A e B, rinovírus, vírus respiratório sincicial (para só citar os mais importantes). Deste modo, será legítimo perguntar se podemos ser simultaneamente infetados pelo vírus da COVID-19 (SARS-CoV-2) e da gripe sazonal (influenza). A resposta é afirmativa, mas a situação apresenta alguma complexidade.

«Num ano típico, 10-30 por cento da população mundial apanha gripe, pelo que a ausência de gripe durante dois anos consecutivos diminuiu seguramente a imunidade global contra as estripes de influenza sazonal»

Dois anos sem gripe

Em 2020 e 2021, a gripe foi quase inexistente a nível mundial (JAMA. 2022 Jan 26. doi: 10.1001/jama.2022.0326). As razões parecem ter sido as medidas generalizadas de proteção sanitária causadas pela COVID-19: lavagem de mãos, distanciamentos pessoais, uso de máscaras, isolamentos, diminuição do número de viagens, encerramento e escolas, etc. Num ano típico, 10-30 por cento da população mundial apanha gripe, pelo que a ausência de gripe durante dois anos consecutivos diminuiu seguramente a imunidade global contra as estirpes de influenza sazonal. Este é um paradoxal problema da pandemia, diminuindo as defesas normais contra os vírus da gripe.

Infeção dupla

Presentemente, observa-se um natural aumento de incidência de gripe, paralelamente com a do coronavírus (ómicron), sendo estes dois agentes detetados especialmente em populações jovens. É importante reconhecer que o diagnóstico de infeção dupla pelo coronavírus e pelo vírus da influenza é bastante difícil, já que os sintomas são muito semelhantes e, para o seu diagnóstico, apenas se utilizam os testes para o SARS-CoV-2 (já que a deteção de anticorpos anti-influenza só raramente se faz). Deste modo, a obtenção de um resultado positivo para o coronavírus torna o diagnóstico de gripe muito problemático, já que a explicação para os sintomas estará justificada pela infeção pelo COVID-19.

O que fazer?

A resolução envolve a dupla vacinação – contra a COVID-19 e a gripe – uma abordagem eficaz e sem problemas de segurança.

Última revisão: Março 2022

Mais sobre:

COVID-19

artigos recomendados

Previous Next
Close
Test Caption
Test Description goes like this