Fatores de risco cardiovascular que dependem de si

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As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo e, contudo, na maioria dos casos podem ser prevenidas. Conheça os principais fatores de risco cardiovascular e o que pode fazer para manter o coração saudável.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Na Europa, são responsáveis por mais de quatro milhões de mortes por ano, o que corresponde a 45 por cento do número total de mortes. Muitos dos fatores de risco cardiovascular podem ser controlados, fazendo que, com isso, os eventos cardiovasculares possam ser prevenidos. «A eliminação dos comportamentos de risco evitaria, pelo menos, 80 por cento das doenças cardiovasculares», assegura a Sociedade Europeia de Cardiologia (Healthy Heart). Por conseguinte, a prevenção é a forma mais importante de combater estas doenças. Os fatores de risco cardiovascular dividem-se em modificáveis e não modificáveis. Entre os últimos estão a idade, o sexo, a etnicidade e a história familiar. Nos modificáveis, logo passíveis de intervenção, estão o tabagismo, a hipertensão arterial, a dislipidémia (colesterol elevado), a diabetes e o sedentarismo, sendo outros fatores contribuintes, o stresse e a obesidade.

Fatores de risco cardiovascular que dependem de si

A maioria das doenças cardiovasculares são causadas por fatores que podem ser controlados, tratados ou modificados, como já foi referido. Conheça os principais inimigos da saúde cardiovascular e o que pode fazer para manter o coração saudável.

Hipertensão arterial

Extremamente frequente e com enorme impacto nos eventos cardiovasculares, a hipertensão arterial (HTA) está associada a diferentes estilos de vida inadequados, tendo também um componente genético concomitante. Contribuem para a HTA, o stresse, o excesso de sal ou álcool, sono inadequado (com ou sem apneia de sono), excesso de peso e falta de exercício físico regular. Nos últimos anos, fruto de estratégias globais de implementação de recomendações e uma mais eficaz adesão terapêutica, tem vindo a reduzir os seus números na população mundial, mas ainda existe um longo caminho a percorrer. O seu deficiente controlo contribui para a progressão de doença das artérias coronárias e de doença cerebrovascular, assim como de doença renal.

O que tem de fazer
Medir regularmente a tensão arterial (para isso é conveniente ter um aparelho de medição pessoal), em especial no início de nova medicação ou após modificação da mesma. Tomar a medicação prescrita pelo seu médico e fazer consultas de seguimento regulares, para eventuais ajustes. Evitar fatores contributivos como o excesso de sal ou de álcool, o excesso de peso, o stresse ou sono inadequado. Iniciar programa de exercício físico regular.

Faça assim
Meça a sua tensão arterial sentado, em ambiente calmo, após cinco minutos. Se os valores forem inesperados ou diferentes do habitual, repita a medição mais que uma vez. Use aparelhos automáticos validados, com braçadeira. Escolha tomas de medicação adequadas ao seu modelo de vida diário, de forma a ser mais fácil não se esquecer de o fazer.

A inatividade física pode levar à acumulação de gordura nas artérias

Dislipidémia (colesterol alto)

Ter níveis elevados de colesterol é um poderoso fator de risco para eventos cardiovasculares. A médio-longo prazo contribui de forma decisiva para o crescimento de placas de gordura (aterosclerose) nas artérias de diferentes territórios (coração, membros inferiores e cérebro). A relação de risco entre o colesterol elevado e os acidentes cardiovasculares está estabelecida, sendo o seu controlo e os níveis a atingir dependentes do risco cardiovascular de cada pessoa.

O que tem de fazer
Reduzir a ingestão de alimentos ricos em colesterol (gorduras saturadas) e intensificar a atividade física. Quando necessário recorrer a fármacos que reduzem os níveis de colesterol e cumprir escrupulosamente as recomendações do seu médico. Fazer análises de controlo regulares (pelo menos uma vez por ano) para avaliação do resultado terapêutico e eventual ajuste da medicação.

Diabetes

A diabetes tipo 2 está em crescimento por todo o mundo. Apesar das enormes campanhas de prevenção organizadas pelas várias sociedades científicas e associações de doentes, do aparecimento de novos medicamentos com forte impacto positivo na redução dos acidentes cardiovasculares, os números continuam a não baixar. Nas pessoas com diabetes, a doença cardiovascular tem uma expressão muito aumentada e é a principal causa de morte. O risco aumenta com a presença de outros fatores de risco associados, com a duração da diabetes, o controlo deficiente e a presença de complicações, como a insuficiência renal. Em muitos casos, a doença é relativamente silenciosa ou tem queixas atípicas e pode estar presente muito antes dos acidentes cardiovasculares.

O que tem de fazer
A principal forma de minimizar os efeitos deste fator de risco está na prevenção. Para quem tem pré-diabetes ou risco acrescido de diabetes, deve modificar o estilo de vida para tentar evitar a progressão para diabetes. A restante população deve controlar bem os fatores de risco cardiovascular aqui descritos, otimizar a alimentação, intensificar o exercício físico regular, perder peso, deixar de fumar. Controlar bem a diabetes é fundamental para impedir as complicações.

«Até mesmo um cigarro por dia aumenta o risco de ataque cardíaco em 50 por cento»

Tabaco

«O tabagismo é um enorme fator de risco para ataques cardíacos em homens e mulheres», alerta a Sociedade Europeia de Cardiologia. Fumar torna as paredes das artérias mais ásperas, fazendo com que possa haver uma maior propensão para a formação de pequenos coágulos, normalmente aderentes a placas de gordura que se foram desenvolvendo ao longo do tempo. «Se as artérias que transportam o sangue para o coração estiverem danificadas podem obstruir com coágulos e isso pode provocar um enfarte do miocárdio. Se esse dano ou obstrução acontecer nas artérias que transportam o sangue para o cérebro, pode ocorrer um AVC», explica a British Heart Foundation. Assim, a maneira mais eficaz de os fumadores reduzirem as suas hipóteses de um ataque cardíaco  (enfarte) ou AVC é acabar com o hábito. «Até mesmo um cigarro por dia aumenta o risco de ataque cardíaco em 50 por cento», indica a Sociedade Europeia de Cardiologia.

O que tem de fazer
Se fuma, deixe de fumar. Se alguém com quem vive fuma, encoraje-o a deixar de fumar. «Sabemos que é difícil. Mas é ainda mais difícil recuperar de um enfarte ou de um AVC», lê-se no site da American Heart Association.

Hábitos alimentares nocivos

De acordo com a Sociedade Europeia de Cardiologia «hábitos alimentares pouco saudáveis são um dos principais contribuintes para doenças e mortes causadas por doenças cardiovasculares na Europa». Isto porque aquilo que come e quanto come tem impacto em alguns dos principais fatores de risco cardiovascular. Como já foi referido, o colesterol, a tensão arterial, a diabetes e o excesso de peso corporal podem agravar-se quando são adotados hábitos alimentares à base de produtos hipercalóricos e pouco nutritivos, ricos em gordura saturada, açúcar e sal, e que não privilegiam o consumo de fruta e vegetais.

O que tem de fazer
A American Heart Association recomenda: «Escolha uma dieta que privilegie o consumo de vegetais, fruta e cereais integrais, inclua laticínios magros, carne de aves, peixe, legumes, azeite e nozes e limite o consumo de doces e carnes vermelhas».

Em doentes obesos ou com excesso de peso com diabetes, a perda de dez por cento do peso corporal reduz em 20 a 25 por cento a probabilidade de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte prematura

Ausência de exercício físico

A ciência já provou há muito que a atividade física é uma forma importante de prevenir doenças cardiovasculares. Mais recentemente, a pesquisa descobriu que a quantidade de tempo que passa na posição sentada também está ligada ao risco cardiovascular futuro. A inatividade física pode levar à acumulação de gordura nas artérias.

O que tem de fazer
Faça atividade física todos os dias. Pelo menos, 150 minutos por semana (30 minutos por dia) de atividade intensa a moderada pode ajudar a diminuir a tensão arterial e o colesterol e a manter um peso saudável. De qualquer forma, qualquer tempo de atividade física é melhor que nenhum. Se tem uma vida sedentária comece devagar. Mesmo alguns minutos por dia oferecem benefícios para a sua saúde, sublinha a American Heart Association.

Ponha em prática
Minimizar o tempo que passa sentado e aumentar a atividade física pode passar por estratégias simples como estas sugeridas pela Sociedade Europeia de Cardiologia:

  • Organizar reuniões de pé (em vez de sentado) no trabalho.
  • Trabalhar de pé em frente ao computador e fazer pausas ativas com caminhadas curtas ou exercícios de alongamentos.
  • Dar um passeio na hora do almoço e caminhar ou ir de bicicleta para o trabalho pelo menos parte do caminho.
  • Em casa, ficar de pé a ver televisão e até combinar com tarefas como passar a ferro ou lavar a loiça.
  • Levantar-se ou caminhar pela casa enquanto lê o jornal e lê as mensagens no telemóvel.
  • Usar um contador de passos e definir uma meta diária.

Excesso de peso e obesidade

As pessoas com excesso de peso ou obesidade têm uma maior probabilidade de sofrer ataques cardíacos e AVC. Em particular, a gordura abdominal está associada a outros fatores de risco cardiovascular, como diabetes, hipertensão, e colesterol elevado. Todos estes fatores de risco levam à acumulação de gordura nas artérias, fazendo com que as placas cresçam, podendo obstruir parcial ou totalmente uma artéria que fornece sangue ao coração ou ao cérebro. O risco cardiovascular associado ao peso é tal que em doentes obesos ou com excesso de peso com diabetes, a perda de dez por cento do peso corporal reduz em 20 a 25 por cento a probabilidade de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte prematura.

O que tem de fazer
O excesso de peso e a obesidade são medidos usando o índice de massa corporal (IMC). Calcule o IMC dividindo o seu peso em quilos pela sua altura em metros quadrados (kg/m2), assim:

  • Para um homem com 77 quilos e 1,70 m, o IMC calcula-se dividindo 77 por 1,70 ao quadrado (1,70 x 1,70). O IMC é 26,6.
  • Para uma mulher com 63 quilos e 1,65 m, o IMC calcula-se dividindo 63 po 1,65 ao quadrado, isto é, 1,65 x 1,65. O IMC é 23,1.

Para manter um peso saudável certifique-se de que o seu IMC se situa entre os 18,5 e os 24,9 valores. Se o IMC estiver entre 25 e 29.9 deve considerar que tem excesso de peso. Se estiver acima de 30 considera-se que existe obesidade. Monitorize igualmente o perímetro da sua cintura. Este deve ser inferior a 94 centímetros nos homens e a 80 centímetros nas mulheres.

Ponha em prática
Se tem excesso de peso, peça a um profissional de saúde para recomendar um plano de perda de peso que inclua dieta e atividade física. Perder peso lentamente é a melhor maneira de alcançar e manter um peso saudável. Em alguns casos, pode ser necessário a toma de medicação ou cirurgia, em casos de obesidade marcada. Fale com o seu médico.

«Reduzir o stresse e conseguir uma boa qualidade de sono pode prevenir um primeiro ataque cardíaco e outros subsequentes»

Stresse e sono

«Combinados, o stresse crónico e o sono insuficiente podem causar um sistema nervoso hiperativo, levando a surtos de pressão arterial elevada e/ou perturbações do ritmo cardíaco que estão ligados a doenças cardíacas», refere a Sociedade Europeia de Cardiologia.

O que tem de fazer
«Reduzir o stresse e conseguir uma boa qualidade de sono pode prevenir um primeiro ataque cardíaco e outros subsequentes. A quantidade ideal de sono é de sete a oito horas por noite. Menos de seis ou mais de dez horas por noite estão ligadas a uma maior probabilidade de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral. Obter a quantidade correta de sono e tratar distúrbios do sono como apneia do sono e insónia podem ajudar a prevenir a pressão arterial elevada e outros problemas cardiovasculares. Consulte o seu médico se estiver sob stresse crónico, particularmente se também não estiver a dormir bem», aconselha a Sociedade Europeia de Cardiologia.


Fontes:
Sociedade Europeia de Cardiologia (Healthy Heart)
British Heart Foundation (BHF)
American Heart Association (Heart)

Última revisão: Setembro 2020

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