Têm surgido na imprensa notícias a questionar a segurança da vacina Oxford/AstraZeneca. Mas afinal qual é o problema nesta altura e com a informação que dispomos? Até à data (início de abril de 2021), pelo menos 169 pessoas na União Europeia sofreram fenómenos trombóticos potencialmente fatais após toma da vacina (situação designada por trombocitopenia imune protrombótica relacionada com a vacina – VIPIT em inglês). A fisiopatologia – de base genética – inclui uma baixa das plaquetas (responsáveis pela coagulação) que, em alguns casos, provoca paradoxalmente tromboses nos vasos que irrigam o cérebro – daí os tais fenómenos trombóticos.
O que precisamos de saber mais?
Este efeito adverso pode ser encontrado em centenas de medicamentos comummente utilizados e, no caso das vacinas da AstraZeneca, dividindo os 169 casos pelos 34 milhões de doses administradas, temos que a hipótese de se ter uma trombose com a vacinação é de 0,0005 por cento ou, por outras palavras, um fenómeno trombótico por ±200.000 inoculações. É arriscado fazer a vacina? Como para determinar a importância de um risco devemos fazer comparações, o risco de trombose em quem toma a pílula é de 1/10.000 e de morrer atropelado é de 1/17.000. Portanto, até agora, nada de alarmante. Baseados nos eventos adversos acima mencionados, vários países suspenderam ou restringiram parcialmente o uso da vacina da AstraZeneca. É uma decisão pouco inteligente e até prejudicial, já que previsivelmente levará a algumas mortes evitáveis. E é também perigosa porque dá às pessoas a falsa impressão de que a vacina não é segura. E o que se espera que as pessoas pensem quando esses países mudarem de ideias e recomendarem novamente a vacina? Acresce que, numa análise de uma qualquer intervenção terapêutica, além do risco, é absolutamente necessário analisar o benefício de não contrair a doença. No caso da COVID-19, temos de comparar as potenciais consequências clínicas da infeção nos doentes não vacinados, que são muito piores quando comparadas com a vacinação.
Em conclusão
Até à data, as vacinas têm-se mostrado extraordinariamente seguras. Na verdade, talvez seja surpreendente que não tenhamos ouvido mais histórias de efeitos adversos graves.
COVID-19: contraindicações para a vacinação
Por recomendação da Organização Mundial da Saúde, por uma questão de segurança, não se devem vacinar:
- Pessoas com alergias a qualquer um dos componentes da vacina.
- Crianças com idades inferiores a 16 anos (por agora).
- Grávidas sem contactos de risco.
- Alguns doentes imunossuprimidos ou que apresentem doenças que atingem o sistema imunitário (devem ser analisados caso a caso).
- Doentes pós-infeção COVID-19, em caso de escassez de vacinas. Quando tal não constituir um problema, podem avançar para a vacinação.