Apresenta sintomas de COVID-19 ou esteve em contacto com alguém infetado com o novo coronavírus e foi-lhe recomendado permanecer em isolamento ou quarentena? Tristeza, ansiedade, confusão e medo são algumas das emoções que poderá sentir. Lembre-se: o isolamento contribui para que o vírus não se propague, mas não irá durar para sempre. É apenas uma situação temporária. Para manter a calma tente manter as suas rotinas e atividades habituais, bem como uma atitude positiva. E aproveite para fazer algumas das coisas para as quais não costuma ter tempo.
É normal estar a sentir…
Reagimos de formas diferentes às situações, tendo em consideração quem somos e as nossas experiências passadas. Ou seja, não existe uma forma “certa” de reagir. No entanto, numa experiência de isolamento é normal e comum poder sentir:
- …ansiedade e medo relativamente à sua saúde, à saúde de outras pessoas próximas ou com quem possa ter contactado, e à experiência de ter de monitorizar sintomas de doença.
- …preocupação com o facto de amigos ou familiares terem de ficar em isolamento por terem contactado consigo, com o facto de ficar afastado do trabalho e com as dificuldades logísticas de não poder sair de casa e realizar as rotinas habituais.
- …angústia por não poder cuidar dos seus filhos, de outras pessoas a seu cargo ou de depender de outros e ficar a seu cargo.
- …incerteza sobre o que vai acontecer e o tempo que será necessário permanecer em isolamento.
- …solidão por estar afastado daqueles de quem gosta e do “resto do mundo”.
- …frustração e aborrecimento por estar impedido de realizar as suas rotinas e atividades habituais.
- …zanga por estar em isolamento ou pensar que foi exposto ao vírus devido à negligência de outras pessoas.
- …tristeza, medo, falta de esperança, desejo de consumir álcool e drogas, alterações de apetite ou dos hábitos de sono são outros sintomas que podem surgir.
7 estratégias para manter a calma
A Ordem dos Psicólogos Portugueses indica sete estratégias para manter a calma durante o período de isolamento que lhe foi imposto devido à pandemia da COVID-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.
1. Mantenha as suas rotinas habituais, dentro do possível
Embora algumas rotinas possam ter de mudar, é muito importante que, dentro do possível, mantenha as suas rotinas habituais. Isso imprime à sua vida uma sensação de normalidade e de controlo. Por sua vez, a sensação de controlo ajuda a reduzir a ansiedade e, por isso, contribui para um maior bem-estar. Além disso, manter uma rotina também ajuda à realização de refeições a horas, a dormir um número de horas adequado ou, a equilibrar o tempo de trabalho, lazer e descanso. Por outro lado, previne a adopção de comportamentos, que em excesso, poderão ser problemáticos. Por exemplo, o tempo de exposição a ecrãs ou o consumo de álcool.
Faça assim: Assim, levante-se à hora habitual, vista-se e faça as refeições a horas. Se for praticável, trabalhe a partir de casa.
2. Peça ajuda
Assegure-se que pede ajuda e fala sobre o que precisa para se sentir seguro e confortável – medicamentos, compras, produtos de higiene pessoal ou meios de comunicação. Além disso, se se sentir muito angustiado ou perturbado, fale com um profissional de saúde, ligue para o SNS24 (808 24 24 24) e siga as recomendações dadas.
3. Mantenha o contacto com amigos e familiares
Falar com pessoas de quem gosta e em quem confia é uma das melhores formas de reduzir a ansiedade, a solidão ou o aborrecimento durante o período de isolamento e manter a calma. Por isso, use o telefone, o email, as mensagens e as redes sociais para permanecer em contacto com amigos e familiares. Fale “cara a cara” através de videochamadas.
4. Realize atividades de que gosta e relaxe
Leia um livro, veja filmes, séries ou os seus programas favoritos, envolva-se em atividades e tarefas que lhe deem prazer e tranquilidade. Aproveite a oportunidade para fazer coisas para as quais não costuma ter tempo.
5. Mantenha-se esperançoso e confiante de que vai tudo correr bem
Fale sobre a sua experiência e os seus sentimentos com amigos, familiares ou profissionais de saúde. Confie nas suas capacidades para lidar com situações adversas, nos profissionais de saúde e recorra às estratégias que costumam resultar consigo em situações difíceis. Use-as para lidar com as suas emoções nos momentos mais desafiantes deste surto. Tal como lidou com outras situações difíceis no passado, também será capaz de lidar com esta.
Tenha uma visão crítica relativamente às informações que encontra e limite a exposição a notícias que possam aumentar a sua ansiedade e preocupação
6. Aposte num estilo de vida saudável
Num período difícil como é o do isolamento, esta necessidade aumenta devido à maior ansiedade e stresse que a restrição de liberdade normalmente provoca. Por isso, para manter o seu bem-estar e saúde (física e mental), se tiver de ficar em casa, mantenha um estilo de vida saudável. Faça uma alimentação equilibrada, cumpra períodos de sono e descanso adequados e mantenha a atividade física. Por exemplo, através de exercícios simples no chão, dança ou yoga. Além disso, não fume, não consuma bebidas alcoólicas ou drogas na tentativa de lidar com as suas emoções. E já que uma das “desculpas” que mais frequentemente utilizamos para não fazer exercício ou preparar refeições saudáveis é a falta de tempo, aproveite o período de isolamento para investir em novos comportamentos pró-saúde.
Estes hábitos são promotores de um sistema imunitário mais preparado para lidar com potenciais ameaças. E também ajudam ao aumento da resiliência para uma melhor adaptação às exigências da situação.
7. Seja crítico em relação à informação e diminua a exposição às notícias
Procure estar atualizado sobre o que se passa, mas não acredite em tudo o que lê ou ouve. Ou seja, tenha uma visão crítica relativamente às informações que encontra e limite a exposição a notícias que possam aumentar a sua ansiedade e preocupação. Uma vez que a cobertura mediática pode criar a impressão de que existe um perigo e um risco maior do que aquele que realmente existe, dê preferência a fontes fiáveis e a dados disponibilizados por instituições oficiais, tais como a Direção-Geral da Saúde, o Serviço Nacional de Saúde e a Organização Mundial da Saúde. No entanto, consulte-as apenas uma a duas vezes por dia.