Ainda pouco se sabe sobre os efeitos da COVID-19 na gravidez. Mas os dados acerca de outros coronavírus permitem à Direção-Geral da Saúde responder às principais preocupações dos futuros pais. Existem informações relativas a casos de infeção por SARS-CoV, o coronavírus responsável pela síndrome respiratória aguda grave e por MERS-CoV, o coronavírus da síndrome respiratória do Médio Oriente durante a gravidez. Além disso, também são conhecidos os riscos de outras infeções virais, como a gripe (provocada pelo vírus influenza), na gestação.
8 questões sobre COVID-19 e gravidez
Se está grávida ou acaba de ser mãe poderá querer saber qual a sua vulnerabilidade ao novo coronavírus e a probabilidade de o transmitir ao bebé. A Direção-Geral da Saúde dá as respostas.
As grávidas são mais suscetíveis à infeção pelo novo coronavírus?
Nos trabalhos científicos publicados, não existe informação sobre a suscetibilidade de mulheres grávidas à COVID-19. No entanto, sabe-se que as grávidas sofrem alterações imunológicas e fisiológicas que as podem tornar mais suscetíveis a infeções respiratórias virais, incluindo a COVID-19.
As grávidas correm mais riscos se tiverem COVID-19?
Durante a gravidez, as mulheres podem estar em risco de doença grave, morbilidade ou mortalidade em comparação com a população em geral. Tal como observado em casos de outras infeções relacionadas com coronavírus. Incluindo o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV) e o da síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS- CoV). Além de outras infeções respiratórias virais, como a gripe (influenza).
Que cuidados devem ter para evitar o novo coronavírus?
As mulheres grávidas devem empenhar-se em ações preventivas habituais para evitar infeções. Tais como, lavar as mãos frequentemente e evitar o contacto com pessoas doentes ou com casos suspeitos que estejam sob vigilância. Igualmente, devem respeitar a distância recomendada de um metro em relação às outras pessoas.
Existe risco aumentado de aborto?
Não existem informações sobre resultados adversos da gravidez devido à COVID-19. Foi observada perda gestacional, incluindo aborto espontâneo e nado-morto, em casos de infeção por outros coronavírus [SARS-CoV e MERS-CoV] durante a gravidez. Também se sabe que a febre alta durante o primeiro trimestre da gravidez pode aumentar o risco de certos defeitos congénitos.
A mãe pode transmitir o vírus ao bebé?
Pensa-se que o vírus que causa a COVID-19 se espalha principalmente por contacto próximo com uma pessoa infetada através de gotículas respiratórias. Ainda não se sabe se uma mulher grávida com COVID-19 pode transmitir o vírus ao feto ou ao recém-nascido por outras vias de transmissão vertical (antes, durante ou após o parto). No entanto, em séries limitadas de casos recentes de bebés nascidos de mães com COVID-19 publicados na literatura revista por pares, existem descritos dois casos com resultados positivos para a infeção por COVID-19. Um recém-nascido nas primeiras 30 horas e o segundo nas primeiras 48 horas. Mas não é certo qual a via de contágio.
Em estudos retrospetivos de uma série pequena de casos, o vírus não foi detetado em amostras de líquido amniótico, sangue do cordão ou leite materno. É igualmente limitada a informação disponível sobre a transmissão vertical relativamente a outros coronavírus (MERS-CoV e SARS-CoV). Mas a transmissão vertical não foi relatada para essas infeções.
O bebé corre maior risco de complicações?
Com base num número limitado de casos reportados, foram observadas complicações em crianças em bebés nascidos de mães infetadas com COVID-19 durante a gravidez. Por exemplo, parto prematuro. No entanto, não é claro que essas complicações estejam relacionadas com a infeção materna. E, neste momento, o risco de complicações nas crianças não é conhecido.
Tendo em conta que os dados disponíveis relativamente à COVID-19 durante a gravidez são limitados, o conhecimento das complicações relacionadas com outras infeções respiratórias virais pode fornecer algumas informações. Por exemplo, outras infeções virais respiratórias que ocorrem durante a gravidez, como a gripe, têm sido associadas a complicações neonatais. Incluindo baixo peso ao nascer e prematuridade. Mulheres com outras infeções por coronavírus, SARS-CoV e MERS-CoV, durante a gravidez, têm tido bebés prematuros e/ou pequenos para a idade gestacional.
Existe risco de efeitos na saúde do bebé a longo prazo?
No momento, não há informações sobre os efeitos a longo prazo na saúde nem para bebés com COVID-19 nem para os que estiveram expostos no útero à doença. Em geral, a prematuridade e o baixo peso ao nascer estão associados a complicações de saúde a longo prazo.
A mãe pode transmitir a doença ao bebé durante a amamentação?
A transmissão de pessoa a pessoa por contacto próximo com uma pessoa com COVID-19 confirmado ocorre principalmente através de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa com infeção tosse ou espirra.
Em séries limitadas de casos relatados até ao momento, não foi encontrada evidência de vírus no leite materno de mulheres com COVID-19. Não há informação disponível sobre a transmissão do vírus que causa a COVID-19 através do leite materno. Isto é, se o vírus infeccioso está presente no leite materno de uma mulher infetada. Em relatos limitados de mulheres lactantes infetadas com SARS-CoV, o vírus não foi detetado no leite. No entanto, foram detetados em pelo menos uma amostra de anticorpos contra SARS-CoV.