Discussões de casal: como resolvê-las

Como contornar ou evitar algumas das discussões de casal mais comuns

Como lidar com os focos de conflito que surgem (cada vez mais) na vida a dois e que dão origem às principais discussões de casal.

  • PorCatarina MadeiraJornalista

  • ColaboraçãoDra. Catarina MexiaPsicóloga clínica

Um estudo publicado na revista americana Journal of Cyberpsychology, Behavior and Social Networking concluiu que quem consulta mais do que uma vez por hora a conta de Facebook  é mais propenso a conflitos com o parceiro. Especialmente se o relacionamento tem menos de 3 anos. Esta não é a primeira vez que a rede social é associada ao divórcio. Já em 2012, o site Divorce Online UK revelou que o Facebook contribuiu para um terço de todos os pedidos de divórcio no ano anterior. Mas as discussões de casal não se devem apenas a esta rede social. A este fenómeno somam-se os focos de conflito “clássicos” relacionados com a interferência da família, o ciúme, a divisão de tarefas, os filhos…

“Discutimos mais desde que somos pais”

O primeiro ano a seguir ao nascimento do primeiro filho é um desafio enorme para o casal. «Enquanto até aí os conflitos tinham de ser resolvidos a dois, a partir do momento em que passa a existir um terceiro elemento, há uma forma de alguém se escapar à situação através dele», analisa Catarina Mexia, psicóloga clínica, terapeuta familiar e de casal. Um filho introduz também, de uma forma mais ativa, as famílias de origem na vida do casal. E «se estes não forem suficientemente habilidosos a estabelecer bem os seus limites, terão aí mais uma fonte de perturbação», avisa.

  • A especialista aconselha:
    «Reflitam, antes do nascimento do bebé, sobre como vai ser a vossa nova. É importante que partilhem dificuldades e inseguranças. E que procurem informação sobre as alterações que acontecem no corpo da mulher e a nível hormonal, e o que isso implica a nível do humor. Ao mesmo tempo, devem saber manter os pais a uma distância controlada – eles podem dar uma ajuda preciosa, mas há que saber manter o núcleo protegido. O convívio com os amigos também é importante nesta fase em que o casal tem tendência a isolar-se.»

“Não temos os mesmos interesses”

Com o avançar da relação, muitas vezes, a boa vontade que existia para acompanhar o outro nos seus interesses perde-se. E isso pode ser fonte de conflito e de afastamento, sobretudo se a relação tiver fundações pouco sólidas.

«Geralmente, as discussões ocorrem porque as pessoas não se ouvem a elas próprias nem sabem ouvir o outro. Assim que o outro começa a falar, já têm o prejuízo acerca do que ele vai dizer»

Quando a vida pessoal de cada um dos elementos do casal está vazia, estes podem colocar uma exigência excessiva na relação. Além disso, o facto de não terem os mesmos interesses acaba por ser um problema, porque alguém vai ficar a perder.

  • A especialista aconselha:
    «Para que esta diferenciação não se transforme num afastamento, é preciso que cada um continue a investir nos seus próprios interesses. É importante que sejam capazes de criar uma vida separada – ele mantém o grupo de amigos com quem joga futebol, ela mantém o grupo de amigas com quem vai jantar todos os meses. Isso será uma fonte de bem-estar para ambos.»

“Ele não colabora nas tarefas domésticas”

Com a evolução do papel da mulher na sociedade, a divisão de tarefas é uma questão cada vez mais importante e obriga os homens a reverem também o seu papel. No entanto, como refere Catarina Mexia, à Revista Prevenir «as mentalidades mudam mais devagar do que a realidade. Muitas vezes, o que acontece é que as mulheres continuam a ter de desempenhar o papel tradicional e acumulam-no com o trabalho fora de casa. Com o tempo, surgem queixas de ambos os lados – ela, porque ele não colabora em casa; ele, porque ela se mostra pouco disponível para estar com ele».

  • A especialista aconselha:
    «Identifiquem as tarefas que têm de ser feitas e façam um planeamento semanal de quem faz o quê, tentando ajustar às preferências de cada um. Por exemplo, se há um que não gosta de tratar da roupa, em vez disso, faz o jantar e lava a loiça.»

“Só quer sair com as amigas/os”

Nas discussões de casal, esta queixa acontece quando apenas um dos elementos continua a sair com os amigos e a fazer os mesmos programas que tinha antes de constituir família. «No início da relação, na fase de encantamento, este comportamento pode até ser desvalorizado pelo parceiro. Com o passar do tempo e o nascimento dos filhos, a situação ganha outra importância», refere a terapeuta à Revista Prevenir.


  • A especialista aconselha:
    «Quando iniciamos uma relação, não temos de partilhar tudo. Temos um passado que nos acompanha e que pode fazer parte do nosso presente sem que isso constitua um problema. Cada elemento pode continuar a ter os seus próprios amigos, mas é importante que o que se passa nas saídas de amigos seja partilhado com o parceiro que não esteve presente. Em caso de mal-estar, devem fazer uma revisão do “contrato” da relação, revendo se aquilo que ambos aceitaram no início se mantém. Às vezes, isso não acontece.»

“Discutimos por tudo e por nada”

Quando as divergências não são bem resolvidas, é normal que as discussões de casal surjam facilmente e pelas mais pequenas coisas. «Geralmente, as discussões ocorrem porque as pessoas não se ouvem a elas próprias nem sabem ouvir o outro. Assim que o outro começa a falar, já têm o prejuízo acerca do que ele vai dizer. Embora, muitas vezes, até estejam ambos a dizer o mesmo», analisa Catarina Mexia.

  • A especialista aconselha:
    «Reflitam sobre o que dizem ao outro, pensem antes de dizer algo de que se possam arrepender e escolham o melhor momento para falar. Quando os casais me procuram, uma das coisas que faço é proibir as conversas sobre assuntos difíceis durante o dia. Peço-lhes que conversem 10 minutos à noite sobre o que aconteceu ao longo do dia e não gostaram.

    Desde a infidelidade à simples questão de um elemento do casal se sentir ignorado, são muitas as formas da tecnologia invadir a intimidade do casal


    Geralmente, o que acontece é que, de todas as coisas que tomaram nota, ao final do dia, só dão importância a uma ou duas. O que, de forma impulsiva, teria dado uma discussão, na realidade não tinha importância.»

“Está sempre ao computador”

O acesso à tecnologia e o uso das redes sociais em permanência é uma perturbação do casal que chega cada vez com maior frequência ao consultório de Catarina Mexia. Desde a infidelidade à simples questão de um elemento do casal se sentir ignorado, são muitas as formas da tecnologia invadir a intimidade do casal. Ora porque a primeira coisa que o outro faz quando chega a casa é sentar-se ao computador, ora porque pega no telefone ou no tablet e entrar no Facebook ou vai jogar.

  • A especialista aconselha:
    «Muitas vezes, a forma de resolver este conflito é fazer como se faz com os miúdos: estabelecer horários. O tempo razoável a definir depende da situação e da problemática em causa.»
Última revisão: Março 2015

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