Os amigos podem salvar-nos o dia ou até a vida

Os amigos salvam-nos

Os amigos aumentam a nossa autoestima, o otimismo, a esperança, a alegria e evitam a solidão.

  • EdiçãoSónia RamalhoJornalista

A amizade é um sentimento de afeição, interajuda, compreensão, partilha, companheirismo, autenticidade e empatia entre duas pessoas, que pressupõe a existência de um conhecimento aprofundado sobre o outro, a forma como pensa, como tem sido a sua vida, as suas conquistas, forças e fragilidades. A amizade exige lealdade e altruísmo, sem julgamento crítico ou culpabilização, e pode salvar o dia, mas também a vida, pois aumenta a autoestima, o otimismo, a esperança, a alegria e evita a solidão. Contribui para dar sentido aos maus momentos, ajuda a olhar para o lado positivo, contribui para diminuir a ansiedade e o stresse. Nesse sentido, é benéfica, mesmo do ponto de vista biológico, pois leva à produção e libertação de substâncias químicas ligadas à felicidade (serotonina e dopamina), que beneficiam a saúde física e emocional.

«Fazer amigos exige honestidade e compromisso, connosco e com eles. Tem de existir o desejo de se dar a conhecer e de conhecer o outro, de ajudar, partilhar, acompanhar, apoiar e comunicar abertamente, além de respeito mútuo»

Como fazer amigos?

Para fazer novos amigos é preciso estar aberto ao outro, às suas características positivas e menos boas, que todos temos. É ser autêntico em relação a si próprio, sem esconder a própria personalidade, sem preconceitos ou julgamentos prévios. Fazer amigos exige honestidade e compromisso, connosco e com eles. Tem de existir o desejo de se dar a conhecer e de conhecer o outro, de ajudar, partilhar, acompanhar, apoiar e comunicar abertamente, além de respeito mútuo. Já para se ser amigo é necessário ter empatia, honestidade, vontade de partilhar, de estar na companhia do outro, de sentir afeição e compaixão pelas suas dores de crescimento. Tem de se conseguir aceitar a pessoa e não falar mal dela. A honestidade da amizade exige ser capaz de dizer ao outro o que sente, mesmo que seja algo que considere negativo, bem como a capacidade de dizer não sem culpa. A grande regra é tratar os amigos como gostaria de ser tratado.

«Os amigos que têm maior probabilidade de permanecer ao longo da vida são as que surgem em contexto profissional, sobretudo a partir dos 30 anos»

Existe uma idade ideal para fazer amigos?

As crianças e adolescentes têm maior facilidade em fazer amigos pela partilha de espaços de interação, como a escola, e de interesses comuns. No entanto, é raro estas amizades perdurarem pois, com a entrada na faculdade, a maioria segue cursos diferentes. A faculdade é mais uma fase onde há facilidade em fazer novos amigos, mas, com a vida profissional, muitas destas amizades voltam a “cair”. Assim, os amigos que têm maior probabilidade de permanecer ao longo da vida são as que surgem em contexto profissional, sobretudo a partir dos 30 anos. Outras formas de fazer amigos passam por voltar a estudar ou fazer um curso numa área de eleição (para conhecer pessoas com os mesmos interesses); fazer voluntariado; participar em grupos de encontros temáticos (leitura, viagens, culinária); iniciar um desporto coletivo; aceitar convites para festas, jantares, convívios; sorrir mais e ser mais comunicativo, quer no trabalho quer nas atividades do dia a dia, bem como mostrar-se alegre e positivo. Estas características levam a que os outros se aproximem para o conhecer melhor. Não fique à espera que os outros deem o primeiro passo: se lhe interessa fazer amizade, avance.

Alerta falso amigo

Um falso amigos é alguém que está nos bons momentos, mas nunca nos piores; que se afasta quando perdemos o estatuto profissional ou social; que pensa em primeiro lugar no seu próprio bem-estar; que nos procura só quando precisa de algo ou fica ofendido se fazemos novas amizades.

Perceba o que faz com que os seus amigos se sintam acolhidos, acompanhados e ouvidos e aja de acordo com isso

Amigos reais vs. Virtuais

Por muitos amigos que tenha no Facebook, lembre-se que os amigos virtuais são isso mesmo: “virtuais”. Podem, em casos excecionais, resultar numa amizade, sobretudo se são pessoas que “conhece” em grupos temáticos. Mas, na maioria, não passam de “conhecidos” com quem a pessoa se sente acompanhada por, no fundo, não ter amigos verdadeiros. Raramente serão amigos para a vida ou pessoas para ajudar quando algo corre mal. Por exemplo, os amigos virtuais rapidamente se desconectam e arranjam outras pessoas com quem falar online; é raro terem paciência para conversas profundas; podem estar escondidos por detrás de um perfil falso; podem expor a sua vida a terceiros sem que tenha conhecimento ou autorize e tendem a confundir amizade com interesse amoroso ou sexual. Já o verdadeiro amigo é aquela pessoa em quem pode confiar, como confia em si próprio, é a pessoa bondosa e comprometida que o ajuda a ser melhor e que faz tudo ao seu alcance para o ver feliz.

Na terceira idade, ter amigos mais jovens ajuda o cérebro a manter-se mais ativo e responsivo, tendo um impacto importante na manutenção de um corpo mais ativo

Um verdadeiro amigo é alguém que…

… com quem se sente à vontade para partilhar angústias, sem vergonha ou medo da crítica (contar que traiu o namorado/companheiro; que engravidou e não quer ter um filho; que cedeu à tentação de comer às escondidas em dieta).
… capaz de ouvir, com o qual pode ter uma conversa profunda, a quem consegue contar uma longa estória sabendo que continua atento e pronto a ajudar a compreender os factos.
… que diz a verdade, mesmo quando não vai gostar de a ouvir. Que consegue dizer que está a ficar com peso a mais, que deve abandonar um relacionamento tóxico ou que certa roupa lhe assenta mal.
… que fica feliz pelas suas conquistas e que o convida para jantar quando é promovido.
… que está presente nos momentos mais felizes, mas também nos piores. Que é capaz de o acompanhar ao funeral de um familiar ou a um exame médico difícil.
… que o aceita e valoriza por quem é. Que está consigo mesmo quando a vida muda radicalmente para pior


10 regras para ser amigo dos seus amigos

A amizade exige proximidade, presença, acompanhamento das dores de crescimento do outro e tempo para convívio. Ou seja, precisa de ser alimentada.

  1. Seja leal e confiável. Se diz que faz, faça. Se diz que apoia, apoie. Se diz que não conta um segredo, não conte.
  2. Seja coerente com o que sente. Se não lhe apetece ir a um evento, não aceite e depois fique em esforço. Isso altera o seu comportamento, não sendo benéfico para a amizade.
  3. Não minta. A verdade pode doer, mas quando nos preocupamos com uma pessoa, a sinceridade é a base de um relacionamento saudável.
  4. Disponibilize tempo. Mesmo que não seja presencialmente, tenha tempo para falar via Skype ou WhatsApp com os amigos com alguma frequência.
  5. Esteja disponível quando precisam de si. Pode ser algo simples, como ouvir um desabafo, mas ter disponibilidade mental e psicológica (além de tempo) é essencial.
  6. Ouça. Mais que falar ou dar conselhos, esteja disponível para ouvir.
  7. Não avalie as situações de forma negativa ou crítica. Retire os preconceitos, pois o que funciona para si pode não funcionar para os outros. Cada um está a fazer o seu caminho.
  8. Partilhe. Músicas que sabe que os seus amigos gostam, restaurantes, livros. E interesse-se pelas partilhas deles.
  9. Dê espaço quando sente que os amigos precisam. Não tenha medo de perder amizades por respeitar o espaço do outro, pois permite fazer novas amizades.
  10. Peça conselhos. Faz com que os amigos se sintam valorizados e incluídos.

Última revisão: Março 2022

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