A amizade é um sentimento de afeição, interajuda, compreensão, partilha, companheirismo, autenticidade e empatia entre duas pessoas, que pressupõe a existência de um conhecimento aprofundado sobre o outro, a forma como pensa, como tem sido a sua vida, as suas conquistas, forças e fragilidades. A amizade exige lealdade e altruísmo, sem julgamento crítico ou culpabilização, e pode salvar o dia, mas também a vida, pois aumenta a autoestima, o otimismo, a esperança, a alegria e evita a solidão. Contribui para dar sentido aos maus momentos, ajuda a olhar para o lado positivo, contribui para diminuir a ansiedade e o stresse. Nesse sentido, é benéfica, mesmo do ponto de vista biológico, pois leva à produção e libertação de substâncias químicas ligadas à felicidade (serotonina e dopamina), que beneficiam a saúde física e emocional.
«Fazer amigos exige honestidade e compromisso, connosco e com eles. Tem de existir o desejo de se dar a conhecer e de conhecer o outro, de ajudar, partilhar, acompanhar, apoiar e comunicar abertamente, além de respeito mútuo»
Como fazer amigos?
Para fazer novos amigos é preciso estar aberto ao outro, às suas características positivas e menos boas, que todos temos. É ser autêntico em relação a si próprio, sem esconder a própria personalidade, sem preconceitos ou julgamentos prévios. Fazer amigos exige honestidade e compromisso, connosco e com eles. Tem de existir o desejo de se dar a conhecer e de conhecer o outro, de ajudar, partilhar, acompanhar, apoiar e comunicar abertamente, além de respeito mútuo. Já para se ser amigo é necessário ter empatia, honestidade, vontade de partilhar, de estar na companhia do outro, de sentir afeição e compaixão pelas suas dores de crescimento. Tem de se conseguir aceitar a pessoa e não falar mal dela. A honestidade da amizade exige ser capaz de dizer ao outro o que sente, mesmo que seja algo que considere negativo, bem como a capacidade de dizer não sem culpa. A grande regra é tratar os amigos como gostaria de ser tratado.
«Os amigos que têm maior probabilidade de permanecer ao longo da vida são as que surgem em contexto profissional, sobretudo a partir dos 30 anos»
Existe uma idade ideal para fazer amigos?
As crianças e adolescentes têm maior facilidade em fazer amigos pela partilha de espaços de interação, como a escola, e de interesses comuns. No entanto, é raro estas amizades perdurarem pois, com a entrada na faculdade, a maioria segue cursos diferentes. A faculdade é mais uma fase onde há facilidade em fazer novos amigos, mas, com a vida profissional, muitas destas amizades voltam a “cair”. Assim, os amigos que têm maior probabilidade de permanecer ao longo da vida são as que surgem em contexto profissional, sobretudo a partir dos 30 anos. Outras formas de fazer amigos passam por voltar a estudar ou fazer um curso numa área de eleição (para conhecer pessoas com os mesmos interesses); fazer voluntariado; participar em grupos de encontros temáticos (leitura, viagens, culinária); iniciar um desporto coletivo; aceitar convites para festas, jantares, convívios; sorrir mais e ser mais comunicativo, quer no trabalho quer nas atividades do dia a dia, bem como mostrar-se alegre e positivo. Estas características levam a que os outros se aproximem para o conhecer melhor. Não fique à espera que os outros deem o primeiro passo: se lhe interessa fazer amizade, avance.
Alerta falso amigo
Um falso amigos é alguém que está nos bons momentos, mas nunca nos piores; que se afasta quando perdemos o estatuto profissional ou social; que pensa em primeiro lugar no seu próprio bem-estar; que nos procura só quando precisa de algo ou fica ofendido se fazemos novas amizades.
Perceba o que faz com que os seus amigos se sintam acolhidos, acompanhados e ouvidos e aja de acordo com isso
Amigos reais vs. Virtuais
Por muitos amigos que tenha no Facebook, lembre-se que os amigos virtuais são isso mesmo: “virtuais”. Podem, em casos excecionais, resultar numa amizade, sobretudo se são pessoas que “conhece” em grupos temáticos. Mas, na maioria, não passam de “conhecidos” com quem a pessoa se sente acompanhada por, no fundo, não ter amigos verdadeiros. Raramente serão amigos para a vida ou pessoas para ajudar quando algo corre mal. Por exemplo, os amigos virtuais rapidamente se desconectam e arranjam outras pessoas com quem falar online; é raro terem paciência para conversas profundas; podem estar escondidos por detrás de um perfil falso; podem expor a sua vida a terceiros sem que tenha conhecimento ou autorize e tendem a confundir amizade com interesse amoroso ou sexual. Já o verdadeiro amigo é aquela pessoa em quem pode confiar, como confia em si próprio, é a pessoa bondosa e comprometida que o ajuda a ser melhor e que faz tudo ao seu alcance para o ver feliz.
Na terceira idade, ter amigos mais jovens ajuda o cérebro a manter-se mais ativo e responsivo, tendo um impacto importante na manutenção de um corpo mais ativo
Um verdadeiro amigo é alguém que…
… com quem se sente à vontade para partilhar angústias, sem vergonha ou medo da crítica (contar que traiu o namorado/companheiro; que engravidou e não quer ter um filho; que cedeu à tentação de comer às escondidas em dieta).
… capaz de ouvir, com o qual pode ter uma conversa profunda, a quem consegue contar uma longa estória sabendo que continua atento e pronto a ajudar a compreender os factos.
… que diz a verdade, mesmo quando não vai gostar de a ouvir. Que consegue dizer que está a ficar com peso a mais, que deve abandonar um relacionamento tóxico ou que certa roupa lhe assenta mal.
… que fica feliz pelas suas conquistas e que o convida para jantar quando é promovido.
… que está presente nos momentos mais felizes, mas também nos piores. Que é capaz de o acompanhar ao funeral de um familiar ou a um exame médico difícil.
… que o aceita e valoriza por quem é. Que está consigo mesmo quando a vida muda radicalmente para pior
10 regras para ser amigo dos seus amigos
A amizade exige proximidade, presença, acompanhamento das dores de crescimento do outro e tempo para convívio. Ou seja, precisa de ser alimentada.
- Seja leal e confiável. Se diz que faz, faça. Se diz que apoia, apoie. Se diz que não conta um segredo, não conte.
- Seja coerente com o que sente. Se não lhe apetece ir a um evento, não aceite e depois fique em esforço. Isso altera o seu comportamento, não sendo benéfico para a amizade.
- Não minta. A verdade pode doer, mas quando nos preocupamos com uma pessoa, a sinceridade é a base de um relacionamento saudável.
- Disponibilize tempo. Mesmo que não seja presencialmente, tenha tempo para falar via Skype ou WhatsApp com os amigos com alguma frequência.
- Esteja disponível quando precisam de si. Pode ser algo simples, como ouvir um desabafo, mas ter disponibilidade mental e psicológica (além de tempo) é essencial.
- Ouça. Mais que falar ou dar conselhos, esteja disponível para ouvir.
- Não avalie as situações de forma negativa ou crítica. Retire os preconceitos, pois o que funciona para si pode não funcionar para os outros. Cada um está a fazer o seu caminho.
- Partilhe. Músicas que sabe que os seus amigos gostam, restaurantes, livros. E interesse-se pelas partilhas deles.
- Dê espaço quando sente que os amigos precisam. Não tenha medo de perder amizades por respeitar o espaço do outro, pois permite fazer novas amizades.
- Peça conselhos. Faz com que os amigos se sintam valorizados e incluídos.
Ver esta publicação no Instagram