Liberte-se da culpa

liberte-se da culpa

A culpa dói e, levada ao extremo, adoece-nos. Liberte-se.

Como funciona a culpa? Primeiro, como um alarme: permite-nos tomar consciência de que aquilo que estamos a fazer não está em sintonia com o que consideramos ser correto, o que nos permite corrigir o comportamento. Mas esta é a sua única vantagem. A partir daí, quando cresce e nos controla, a culpa torna-se uma das emoções tóxicas mais prejudiciais: retira-nos a capacidade de usufruirmos da vida, aprisiona-nos ao que fizemos ou deixámos de fazer, ao que dissemos ou deixámos de dizer.

Priva-nos da capacidade de sentirmos alegria. Entramos em desarmonia entre aquilo que sentimos e a forma como agimos. Esta falta de coerência gera uma enorme angústia interior, stresse, irritabilidade e, em casos mais graves, agressividade verbal e física contribuem para esta culpa quase inata. Na sua génese estão as estruturas de culpabilização pelo erro que nos foram impondo ao longo da vida.

Porque sentimos culpa?

Sentimos culpa porque agimos em desacordo com a nossa verdade interior, com a nossa vontade e com aquilo em que acreditamos. Ou que nos ensinaram a acreditar. A culpa pode ser paradoxal: sentimos que não devemos fazer algo, mas não conseguimos deixar de o fazer, ativando assim o sentimento de culpa. A sua origem está sempre em nós, mas existem dois tipos: a que autoinduzimos e a que achamos que sentimos porque os outros no-la fazem sentir.


A segunda – a culpa atribuída – acontece porque temos baixa autoestima e segurança em relação ao que somos e do que somos capazes. Não raramente, deixamos que nos atribuam as culpas por termos sentimentos de inferioridade, por sermos dependentes emocionalmente de pessoas ou situações ou devido a uma baixa noção de poder pessoal. Os “outros” que permitimos que nos façam sentir culpa podem ser regras sociais, laborais e até religiosas e espirituais que deixamos de cumprir.

«Um dos exercícios mais poderosos para avaliar o seu nível de culpa é tomar consciência de quantos “eu devia” usou ao longo do dia»

Culpar o outro faz-nos mal

O hábito de culpar os outros gera em nós ainda mais culpa, pois no nosso íntimo sabemos que estamos a ser desonestos. Passamos a viver no “modo ataque” ativando o “status luta” sempre que os resultados da nossa ação não são os que esperávamos. Colocar a culpa no outro, vivendo nesse standard, faz igualmente com que nos afastemos do nosso autoconhecimento e da capacidade de nos superarmos. Tornamo-nos pessoas amarguradas, sem alegria e sempre à procura do erro dos outros para podermos sentirmo-nos superiores.

Está refém da culpa?

Possivelmente, se passou a agir segundo aquilo que lhe disseram ser correto para evitar ser excluída, abandonada ou não amada. Um dos exercícios mais poderosos para avaliar o seu nível de culpa é tomar consciência de quantos “eu devia” usou ao longo do dia. A culpa surge sempre com a pele de “eu devia fazer algo” ou “eu não devia ter feito algo”. A culpa torna-se nociva quando consideramos verdadeiros estes “devia” e “não devia” que usamos. Deixamos de conseguir decidir de acordo com o nosso desejo (sem culpa). Instala-se em nós o medo de errar e de não estarmos a fazer o que está correcto, o que faz bem ao outro ou o que esperam de nós.

«Sentimos culpa porque agimos em desacordo com a nossa verdade interior, com a nossa vontade e com aquilo em que acreditamos. Ou que nos ensinaram a acreditar»

Viver na culpabilização cansa, desgasta-nos e mantém-nos na necessidade de estarmos em alerta permanente. É importante treinarmos a desculpabilização para aumentarmos a nossa autoestima, a nossa noção de valor pessoal e a nossa capacidade de nos assumirmos como somos, como as nossas fragilidades e as nossas forças. Porque a vida tem ambos os lados: a luz e a sombra e viver na culpa é viver preocupado com o que não nos faz feliz. Com a agravante de também não fazer os outros felizes.

Em vez da culpa, sinta…

  • Gratidão pelo processo da vida, pela sua história e conquistas.
  • Carinho por si e pelo seu caminho, por tudo o que já passou.
  • Respeito pelo que sente.
  • Distanciamento relativamente ao que o outro diz ou pensa de si.

Exercícios anticulpa

Um dos exercícios mais poderosos para eliminar a culpa ou, pelo menos, controlá-la é retirar os “eu devia” e “eu não devia” dos seus pensamentos e do seu diálogo. Mas existem outros exercícios…

  • Aplique a regra dos 100%. Cada um é totalmente responsável pelas suas opções e ações. Sempre que a culpem de algo faça a pergunta ao contrário: “Qual é a responsabilidade que esta pessoa está a tentar colocar em mim?” Quando lhe disserem “A culpa é tua porque foste tu que me disseste para fazer isto”, responda “Não! Tu és responsável 100% pelas tuas opções. Como tal, não me culpes.”
  • Se ouve a expressão “estou farto de ti! Fazes sempre a mesma coisa!”, responda: “Talvez estejas mas é farto de ti! Não vires o que sentes para mim!”
  • Aprenda a usar o seu filtro emocional sempre que começar a sentir-se culpada pense “esta culpa resulta de alguma coisa que fiz ou de algo que me estão a fazer sentir?”
  • Deixe de ver os outros como vítimas das situações. Se lhe disserem que estão em sofrimento por algo que fez, fazendo-o sentir culpada, tente perceber se agiu porque quis magoar a outra pessoa ou se, ao contrário, está a viver sob a pressão de um manipulador.

Livre-se da culpa em 7 passos

1. Tome consciência de que a culpa que sentimos é um padrão educacional que adquirimos desde muito cedo.
2. Questione se as atitudes que nos fazem sentir culpa ainda nos são úteis ou se resultam apenas de nunca as termos eliminado por as assumirmos como reais (sempre nos conhecemos assim…). Recorde-se que os padrões educacionais funcionam como “programações mentais/comportamentais”. Logo, podem ser desprogramadas.
3. Anule os “eu devia” e “eu não devia” do seu pensamento e do seu discurso.
4. Se sentir que magoou alguém, peça desculpa com sinceridade e siga em frente. Não fique parada a pedir desculpa em permanência.
5. Resolva os seus erros no momento, nunca adie um pedido de desculpas.
6. Perceba que, em cada momento, estamos a fazer o melhor que conseguimos, tendo em conta a nossa situação e o nosso conhecimento.
7. Assuma que tem o direito pessoal de desfrutar da vida. Usufrua do presente, de si própria e do que bom tem agora. Sem culpa.

Última revisão: Abril 2016

artigos recomendados

Previous Next
Close
Test Caption
Test Description goes like this