Joana Duarte: «A felicidade é uma batalha diária»

Joana Duarte: «A felicidade é uma batalha diária»

O yoga fê-la abrandar o ritmo, ensinou-a a respirar fundo e acabou por mudar a sua vida. Desde então, Joana Duarte entregou-se de alma e coração e hoje dedica-se a transmitir aos outros o que já aprendeu.

  • PorCarmen SilvaJornalista
  • Entrevista aJoana Duarte

  • FotografiaGonçalo Claro
  • ProduçãoMargarida Figueiredo
  • CabelosHelena Vaz PereiraGriffe Hairstyle
  • assistida porRuben Bento
  • MaquilhagemInês Aguiar

Descobriu a prática de yoga numa fase muito exigente da sua vida profissional, enquanto atriz. A prática ancestral fê-la abrandar o ritmo, ensinou-a a respirar fundo e acabou por mudar a sua vida. Desde então, Joana Duarte entregou-se de alma e coração e hoje dedica-se a transmitir aos outros o que já aprendeu.

Entrevista a Joana Duarte

Joana Duarte

 

Iniciou a sua carreira na representação aos 11 anos. Como olha para o seu percurso até agora?

Comecei realmente muito nova em televisão, depois fiz uma pausa para estudar teatro e, entretanto, regressei. Ao longo destes anos, tive a sorte de ter interpretado vários tipos de personagens, o que me possibilitou explorar e desenvolver as minhas capacidades ao nível da representação e trabalhar com pessoas extremamente interessantes, tanto atores como técnicos.

Fora da representação já abraçou vários desafios. O que mais gostou de fazer?

Trabalhar como assistente de bordo numa empresa privada de aviões. Foi muito giro porque viajei pelo mundo inteiro e estive em sítios onde jamais poderia ir se não fosse esse trabalho. Estive em bases militares e países com realidades complicadas como Arábia Saudita, Afeganistão e Paquistão.

«Desde que comecei, nunca mais parei de fazer yoga e deixei de ter crises de ansiedade e sinto que o meu corpo funciona muito melhor, tornei-me mais flexível e melhorei a postura»

Como é que o yoga surgiu na sua vida?

Foi por acaso. Nunca o pratiquei pela vertente do exercício físico, foi sempre pela vertente da mente e comecei numa altura em que andava bastante ansiosa por motivos profissionais. Quando saí da minha primeira aula, lembro-me de pensar: “Uau, o que é que se passou aqui? Por que me sinto muito melhor?”. Acabei por perceber que me sentia melhor pelo facto de ter sido forçada a respirar fundo. Desde então, nunca mais parei de fazer yoga e deixei de ter crises de ansiedade e sinto que o meu corpo funciona muito melhor, tornei-me mais flexível e melhorei a postura.

Há quanto tempo pratica?

Há oito anos e tenho vindo a fazer vários cursos para aperfeiçoar a minha prática. Este ano, por exemplo, estive cinco meses no Sri Lanka e na Indonésia a fazer formação em vários tipos de yoga. Agora já dou aulas porque também quero poder ajudar os outros.

Dá aulas de que tipo de yoga?

De vinyasa, que é muito comum, de yin yoga, que funciona como se fossem alongamentos, e aerial yoga, onde usamos cinturões presos ao teto.

Joana Duarte

«Neste momento, por várias circunstâncias, o meu foco é o yoga», conta Joana Duarte

Dada a sua dedicação ao yoga, a representação está a ficar para segundo plano?

Não diria que está a ficar para segundo plano. Simplesmente, não sou o tipo de pessoa de ficar em casa à espera que as coisas caiam do céu, por isso vou experimentando áreas novas e, neste momento, por várias circunstâncias, o meu foco é o yoga. Mas já fiz muitas coisas ao longo da vida e realmente não tenho problemas em fazer o que quer que seja, o que me dá muita tranquilidade porque sei que, independentemente do que me acontecer hoje, já tenho um plano para amanhã e mesmo que não tenha arranjo com facilidade.

Como é um dia normal na vida da Joana Duarte?

Acordo todos os dias às seis da manhã, às 6h30, estou a fazer yoga com um professor de quem gosto muito, às 8h30, tomo o pequeno-almoço e bebo um café e, às 9h30, entro no ginásio. Quando saio, almoço e, durante a tarde, preparo e dou as minhas aulas. Depois, janto e deito-me cedo.

A Joana tem uma forte ligação com a Natureza e com o mar. Como é que esta ligação se reflete na sua maneira de estar?

Moro mesmo ao pé da praia, vejo o mar de todas as partes da minha casa e isso traz-me muita calma e faz-me perceber o que realmente tem valor na vida. Mas também acaba por me transformar um pouco num bicho do mato porque, neste momento, vir a Lisboa, onde há sempre confusão, é um caos para mim.

«Estar em contacto com a água salgada limpa a energia»

Outra das suas paixões é o desporto. Como surgiu na sua vida?

O desporto é o que me dá a serotonina para ser mais feliz e o que me proporciona aquele sentimento de “não sei o que se passa, mas sinto-me bem”. Sempre fiz muito ginásio, mas houve alturas em que parava e percebia que não me sentia tão bem. O ginásio começou então a fazer parte da minha rotina diária e hoje faço, essencialmente, treino funcional, pilates e cardio.

E o surf?

Costumo fazer apenas quando o mar está “pequeno”, perfeito e não está muito frio porque sou muito friorenta. Quando viajo para destinos quentes de mar, faço todos os dias. Diz-se que estar em contacto com a água salgada limpa a energia e acredito que seja isso que nos leva a sentir necessidade de ir para o mar.

Que cuidados tem com a sua alimentação?

Eu como de tudo e gosto particularmente de comida italiana e de cozido à portuguesa. Adorava ser vegetariana ou vegan muito por uma questão de sustentabilidade do planeta, mas ainda não consegui enveredar por esse caminho: temos de dar um passo de cada vez porque não creio que seja saudável mudar radicalmente os nossos hábitos de um dia para o outro.

«Austrália, Brasil e Indonésia porque são destinos quentes, paradisíacos e onde se está de bem com a vida»

A Joana Duarte gosta muito de viajar. Quais são os seus destinos preferidos?

Austrália, Brasil e Indonésia porque são destinos quentes, paradisíacos e onde se está de bem com a vida. São locais onde as pessoas são felizes, independentemente da sua condição. Por exemplo, no Rio de Janeiro, apesar da miséria, entramos nas favelas e as pessoas têm uma felicidade e um sorriso no rosto que não vemos cá. Os portugueses estão quase sempre com um ar sério e carregado.

Que cuidados tem quando viaja para esses países?

Ao nível da comida, não tenho grandes preocupações, como de tudo. Se sei que há malária ou dengue, uso repelente ou algum óleo que os habitantes locais tenham para me proteger dos mosquitos, bem como roupa comprida quando começa a anoitecer.

E antes de viajar, como se prepara em termos de saúde?

Levo sempre uma farmácia comigo com vários tipos de medicamentos e, se vou para um destino onde sejam necessárias determinadas vacinas, vou ao médico. Mas não gosto de pensar nos problemas porque acho que ao pensar estou a atraí-los, prefiro concentrar-me em coisas boas e pensar que a viagem vai correr maravilhosamente.

«Mesmo que não me apeteça, tento forçar-me a sorrir porque a felicidade é uma batalha diária»

O sorriso é uma das suas imagens de marca. De onde vem a sua boa-disposição?

Da minha positividade. Mesmo que não me apeteça, tento forçar-me a sorrir porque a felicidade é uma batalha diária. E não devemos desmoralizar quando acontece algum contratempo. Nesses momentos, devemos pesar o sucedido, analisar o que de bom temos na vida e, muitas vezes, acabamos por constatar que somos pessoas de sorte. Quando interiorizamos este processo, deixamos de valorizar as coisas mais pequenas que efetivamente não têm importância.

O que a ajuda a cultivar essa visão positiva da vida?

O facto de já ter tido uma visão negativa da vida e perceber que isso não me levava a lado nenhum. Quando batemos no fundo e não temos mais para onde ir, só nos resta começar a trepar e a última coisa que queremos é voltar ao fundo. O yoga ajudou-me imenso neste caminho porque “reaprendi” a respirar. Se pensarmos bem, a verdade é que não respiramos como deve ser nem temos o hábito de respirar fundo, logo o nosso cérebro não funciona bem e ficamos mais deprimidos e tristes.

O que deseja para o seu futuro?

A curto prazo, continuar com a representação e com o yoga, fazendo retiros para ajudar as pessoas. E por que não filhos e marido? Para ser sincera, nunca parei para pensar como me vejo daqui a 20 anos. Acho que nos devemos preocupar mais em viver o dia a dia do que a pensar no futuro.

Agradecimentos: Calzedonia // Cia.Marítima // Mango // Missoni na Philosophi // Oysho // Pedra Dura // Pull & Bear


Os hábitos saudáveis de Joana Duarte

  • De manhã
    «A primeira coisa que faço é beber um copo de água morna com limão para limpar o organismo.»
  • Durante o dia
    «Bebo muita água.»
  • Na cozinha
    «Sei fazer muito bem sopas e costumo substituir o arroz por couve-flor ralada, que é muito bom.»
  • Cuidados de beleza
    «No corpo, uso óleo de coco; no rosto, creme de dia, de noite e de olhos; e, no cabelo, um bom champô e uma boa máscara porque o meu cabelo é muito seco.»
  • Cuidar do planeta
    «Reciclo, mas, sobretudo, tento cortar ao máximo na utilização do plástico e da água. Além disso, estou menos consumista.»
  • Lemas de vida
    «Viver o dia a dia da melhor maneira possível, não fazendo mal a ninguém e não deixando que ninguém nos faça mal. Nos momentos em que estamos mais em baixo, lembrar que tudo passa e por isso não é preciso entrar em pânico. A vida passa tão rápido que temos de a aproveitar da melhor maneira.»

 

Joana Duarte ensina: exercícios respiratórios

«São muitas as técnicas de respiração de yoga que uso para aliviar o stresse, concentrar-me e, para várias alturas do meu dia, quando sinto que preciso. Apesar de haver muitas, estas são as mais simples e de mais fácil aplicação em qualquer altura.»

Respiração energizante (HA – Pranayama)

  1. Fique em pé, com os cotovelos dobrados e as palmas das mãos viradas para cima.
  2. Ao inalar, vá com os cotovelos para trás (as palmas continuam voltadas para cima).
  3. A exalação acontecerá pela boca, como se dissesse um “HA” em voz alta. Esta exalação deve acontecer de forma rápida e, enquanto exala, empurre as palmas das mãos para a frente e gire-as para baixo.
  4. Repita 10 a 15 vezes.

Respiração coerente (Adhama Pranayama)

  1. Sentado, de pé ou deitado, coloque as mãos na barriga, à altura do umbigo.
  2. Inspire pelo nariz lentamente, expandindo a barriga, e conte até cinco.
  3. Pausa.
  4. Expire pelas narinas lentamente, e conte até seis.
  5. Seguindo o seu ritmo tente praticar esse padrão durante 10 a 20 minutos por dia.

Respiração antistresse (Kapalabhati Pranayama)

  1. Sente-se diretamente no chão ou na borda de uma cadeira, com a coluna direita.
  2. Coloque as mãos na barriga.
  3. Ao inalar pelo nariz, a barriga deve ir-se projetando para a frente.
  4. Expire de uma vez só, expulsando todo o ar pelo nariz, puxando o umbigo para dentro.
  5. Repita 20 vezes.
Última revisão: Agosto 2019

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