Farto da sua tatuagem?

O que saber antes de remover uma tatuagem

Antes de a remover, conheça os métodos que tem ao seu dispor e os cuidados a seguir para obter o resultado que pretende.

  • PorSofia Santos CardosoJornalista

  • ColaboraçãoDr. Serafim Ribeirinho SoaresMédico cirurgião plástico
  • Dra. Teresa PereiraMédica dermatologista

São vários os motivos que podem levar quem um dia decidiu marcar a pele de forma permanente querer voltar atrás: uma mudança no estilo de vida, como o início de uma (nova) carreira profissional ou a maternidade; o estigma social que existe em relação às pessoas tatuadas; o envelhecimento ou a maturidade; fatores de ordem estética, como a insatisfação com o resultado final.

As estatísticas da Associação Britânica de Dermatologistas revelaram que 25 por cento das pessoas com tatuagens querem removê-las. Em Espanha, uma pesquisa realizada pela clínica de cirurgia plástica e estética Planas, em Barcelona, e divulgada pelo jornal britânico The Guardian, verificou um aumento de cerca de 80 por cento na procura de procedimentos para eliminar tatuagens. Em Portugal, os especialistas também confirmam um aumento substancial de pessoas que procuram uma solução para remover as suas tatuagens.

Os métodos disponíveis

Existem vários métodos que permitem remover uma tatuagem: a cirurgia tradicional, a técnica por dermoabrasão e os lasers com tecnologia CO2, ou Q-Switched que deverão ser adequados a cada tipo de pele e tatuagem em causa.

A cirurgia é a técnica mais antiga e permite remover as tatuagens de forma rápida, no entanto, não pode ser aplicável a todos os casos e tem a desvantagem de deixar uma cicatriz como sequela. «Através da cirurgia, é retirada a pele que engloba a tatuagem, deixando como sequela uma cicatriz que poderá ser mais ou menos notória, dependendo do local e da extensão da tatuagem e do tipo de pele», explica Serafim Ribeirinho Soares, cirurgião plástico. Este é o procedimento menos aconselhado pelos especialistas, não só devido à cicatriz, que fica visível para sempre, mas também porque, na maioria dos casos, não está indicada, devido à localização e extensão da tatuagem.

A técnica por dermoabrasão utiliza a ação de ácidos para destruir ou remover as camadas mais superficiais da pele, mas, tal como a remoção cirúrgica, também deixa uma cicatriz como sequela.

Laser: o mais eficaz

«Atualmente, a técnica mais indicada para a remoção de tatuagens é o laser», refere Teresa Pereira, dermatologista, à Revista Prevenir. «Na maioria dos casos, não deixa cicatriz residual visível, é um procedimento seguro, quase isento de riscos, sendo a infeção pós-operatória o maior risco, embora muito raro», acrescenta Serafim Ribeirinho Soares. A única desvantagem deste método é o facto de ser um tratamento mais demorado, porque exige a realização de várias sessões.

O número de tratamentos necessários para eliminar uma tatuagem por completo varia entre quatro e 12, dependendo do tipo de tatuagem, nomeadamente da sua localização, extensão, antiguidade e cor. «O número de passagens do pigmento aquando da realização da tatuagem e o fototipo da pele são outros fatores que também poderão condicionar a duração do tratamento», acrescenta Teresa Pereira.

Como funciona?

«Em cada sessão, o laser atinge a tinta, provocando a sua separação em múltiplas e pequeníssimas partículas, até esta se desfazer por completo. Este é um processo lento, daí a necessidade de garantir um intervalo de cerca de três meses entre as sessões», esclarece Serafim Ribeirinho Soares à Revista Prevenir.

Tipos de laser

O tipo de laser a usar é definido pelo médico na consulta de avaliação, que deverá ser realizada antes de iniciar o tratamento. «Uma tatuagem muito pequena pode ser removida com o laser CO2. Já para remover uma tatuagem de maiores dimensões, deverá ser empregue a tecnologia Nd:YAG», indica. Ambos os tipos de laser são aplicados sem anestesia. O tratamento pode provocar ardor, sensação de queimadura ou mesmo dor durante a sua realização. «Estes sintomas podem ser minimizados com a aplicação prévia de um creme anestésico e a aplicação de um refrigerador de ar frio durante o tratamento», refere Teresa Pereira. Para as pessoas mais sensíveis, Serafim Ribeirinho Soares recomenda anestesia local. Atualmente, já existe a técnica Q-Switched combinada com outros lasers, como o CO2 ou o laser Erbium:YAG, o que, de acordo com Teresa Pereira, «permite otimizar os resultados, nomeadamente no tratamento de tatuagens de cor mais clara».

«As tatuagens em tons de azul-escuro e preto são as mais fáceis de retirar, principalmente se estiverem localizadas em áreas do corpo não expostas ao sol.»

Os resultados

De acordo com os especialistas, as tatuagens mais difíceis de remover são as tatuagens extensas e com variedade de cores, as mais recentes e de cor clara. As tatuagens localizadas nas extremidades, nomeadamente nos tornozelos ou nos punhos, também podem ser as mais resistentes. Por outro lado, as tatuagens em tons de azul-escuro e preto são as mais fáceis de retirar, principalmente se estiverem localizadas em áreas do corpo não expostas ao sol.

«Em alguns casos, consegue-se a eliminação completa da tatuagem, noutros, poderá ficar uma área despigmentada no local da tatuagem que, com o tempo, poderá recuperar. Em situações mais complexas, a eliminação da tatuagem poderá não ser completa, persistindo sempre uma pequena área de pigmento que acabará por desaparecer ao longo do tempo», revela Teresa Pereira à Revista Prevenir.

Consulta de avaliação

Na consulta prévia ao procedimento, o médico tenta perceber as expectativas do paciente e avalia uma série de condições que deverão ser consideradas antes de se iniciar o tratamento, nomeadamente, o fototipo da pele, se existem doenças associadas, a capacidade de cicatrização do paciente e eventuais contra-indicações. «Todos estes fatores deverão ser considerados numa avaliação prévia para que o melhor tratamento possível seja adaptado ao paciente em causa, de forma a obter o melhor resultado possível», frisa o especialista.


Onde fazer

A escolha de uma clínica fidedigna e de um especialista com formação comprovada nesta área, por exemplo, um médico especialista em Cirurgia Plástica e Reconstrutiva ou em Dermatologia, é fundamental para a segurança do tratamento e para o resultado final.

Evite a exposição solar

  • Antes do tratamento
    «A presença de melanina na pele faz concorrência com a tatuagem, desviando a ação do laser, comprometendo a sua eficácia e aumentando o risco de queimaduras com cicatrizes», explica Serafim Ribeirinho Soares.
  • Durante o tratamento
    «O bronzeado impede a continuação do tratamento, bem como o resultado final», lembra o especialista.

 



Remoção a laser: contraindicações

Regra geral, qualquer pessoa pode remover uma tatuagem, No entanto, existem alguns casos em que a remoção através do laser pode acarretar alguns riscos…

  1. Pessoas muito morenas ou de cor escura têm maior risco de ficar com uma área despigmentada ou hiperpigmentada no local do tratamento.
  2. Pessoas com antecedentes pessoais ou familiares de cicatrização fibrosa deverão ter cuidados acrescidos durante o tratamento, pelo maior risco de cicatrização fibrosa.
  3. Pessoas com patologias autoimunes (como lúpus) ou com dimuição de imunidade (por exemplo em tratamento de quimioterapia) têm um risco superior de infeção.
  4. Pessoas a tomar medicamentos com potencial fotossensibilizante, têm um maior risco de queimadura.
  5. Pessoas imunodeprimidas têm um risco superior de infeção secundária ao tratamento.

Fonte: Dra. Teresa Pereira, médica dermatologista

Última revisão: Junho 2016

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