5 doenças que fazem engordar e o que tem de fazer para controlar o peso

5 doenças que fazem engordar

Algumas disfunções ou patologias podem favorecer o aumento de peso. Descubra que cuidados ter para ajudar o seu metabolismo a reagir e combater a acumulação de gordura provocada por doenças que fazem engordar.

  • Por
    Fátima Lopes CardosoJornalista

Os hábitos de vida sedentários e o apetite voraz nem sempre são os únicos responsáveis pela elevada prevalência de excesso de peso que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e atinge 57 por cento da população nacional ou 5,9 milhões de portugueses. Também existem doenças que fazem engordar. Muitas vezes de forma silenciosa, algumas doenças e disfunções alteram o funcionamento do metabolismo, gerando acumulação de gordura indesejada. Difícil de combater sem o tratamento adequado, siga as recomendações da especialista em gestão do peso Teresa Branco e conheça os principais problemas de saúde que podem estar na origem dos quilos a mais.

As principais doenças que fazem engordar

Hipotiroidismo

  • Por que nos engorda?
    O hipotiroidismo é uma das principais doenças que fazem engordar. A tiroide é uma glândula endócrina que tem a função de produzir, armazenar e libertar para o sangue as hormonas T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que atuam ao nível de quase todas as células e ajudam a controlar o funcionamento do metabolismo, determinando a quantidade de energia que é utilizada pelo organismo. «As pessoas com hipotiroidismo produzem menos hormonas tiroideias T3 e T4, gastam muito poucas calorias por dia e a tendência é para engordar. Ao contrário, no hipertiroidismo, a secreção destas hormonas é exagerada e os doentes tendem a emagrecer», explica Teresa Branco, diretora da TO BE. Clínica by Teresa Branco.
  • O que pode fazer
    O hipotiroidismo não tem cura, mas pode ser controlado através de medicação. No entanto, mesmo após iniciar o tratamento, «uma vez que o metabolismo foi alterado, é preciso conjugar o tratamento com uma dieta saudável e a prática de exercício físico para recuperar a boa forma», refere a especialista em gestão do peso. A nível da alimentação, «sabemos que o consumo de alimentos ricos em iodo (algas, mariscos, moluscos, bivalves, alguns peixes do mar, como a sardinha, a dourada, a cavala e o salmão, além de sal iodado) pode ajudar em casos muito específicos de hipotiroidismo. Há, inclusive, suplementos ricos em algas, como a kelp, que contribuem para atenuar estes problemas», refere Teresa Branco que desaconselha o consumo de alimentos ricos em gorduras trans, nomeadamente enchidos e fritos, que podem provocar inflamação das células, e sugere uma alimentação rica em vegetais e proteínas saudáveis. Uma vez que a exposição solar é essencial à produção de iodo, «devem ser privilegiadas as atividades ao ar livre, como a natação, o ciclismo, a corrida ou marcha e, quando possível, junto ao mar».

«Quando não dormimos o suficiente, temos a perceção de que precisamos de mais energia do que a que realmente nos faz falta, e acabamos por compensar o cansaço com comida»

Intolerâncias alimentares

  • Por que nos engordam?
    Quando falamos em doenças que fazem engordar, não podemos esquecer as intolerâncias alimentares. Como explica Teresa Branco, «existem hipersensibilidades alimentares que podem causar, de forma indireta e a longo prazo, reações no organismo, como a predisposição para aumentar de peso». E exemplifica: «Quem é intolerante à lactose não vai engordar por beber leite, mas tem outro tipo de sintomas que podem ser muito incómodos como inchaço abdominal. Se o organismo for exposto a alimentos com lactose ao longo da vida, é possível que isso gere estados inflamatórios que acabam por engordar».
  • O que pode fazer
    «Seguir uma dieta ajustada ao problema, nomeadamente, suprimindo a ingestão dos alimentos que foram identificados como causadores de intolerância, e a prática desportiva que ajude a reforçar o sistema imunitário, como é o caso de atividades cardiovasculares – ginástica, natação, hidroginástica ou corrida –, a realizar duas a três vezes por semana, e caminhadas todos os dias serão condições essenciais para manter um bom funcionamento do organismo e prevenir inflamações a longo prazo», recomenda a especialista.

Perturbações do sono

  • Por que nos engordam?
    Quando falamos em doenças que fazem engordar, não podemos esquecer as perturbações do sono. Direta ou indiretamente, as pessoas com perturbações do sono, como a apneia e insónias primárias ou dificuldade em adormecer ou secundárias, quando acordam a meio da noite e não conseguem adormecer, tendem a aumentar de peso. Como explica Teresa Branco, «quando não dormimos o suficiente, temos a perceção de que precisamos de mais energia do que a que realmente nos faz falta, e acabamos por compensar o cansaço com comida. Por outro lado, quem não dorme tende a desenvolver resistência à insulina. O metabolismo tem mais dificuldade em processar os hidratos de carbono, o que provoca uma maior produção de insulina e maior dificuldade em eliminar a gordura. Esta resistência leva a alterações do apetite, aumentando a vontade de consumir hidratos de carbono, alimentos processados ou ricos em açúcar».
  • O que pode fazer
    «Um adulto deve dormir entre sete e oito horas por noite para não desenvolver a resistência à insulina e para não tender a compensar os défices de energia com a ingestão excessiva de alimentos», indica. Quando não consegue dormir, Teresa Branco sublinha que «é fundamental procurar ajuda de um especialista no sono para identificar e tratar a razão que a impede de dormir». A prática regular de atividade física e de uma alimentação saudável vão ajudar a tranquilizar: «Geralmente, as pessoas com perturbações do sono devem praticar exercício físico pela manhã, duas a três vezes por semana, e até podem dar uma caminhada ao final da tarde. É muito importante que evitem o consumo de café, alguns tipos de chá, refrigerantes, nicotina e outros estimulantes que agravam o estado de alerta». Para que se sinta bem, a fisiologista recomenda que «evite o consumo excessivo de alimentos açucarados, os quais também têm um efeito estimulante, refeições muito pesadas e condimentadas. Prefira fontes de proteínas saudáveis, como as carnes magras, o leite e os ovos, vegetais, leguminosas e frutos secos».

Síndrome do ovário poliquístico

  • Por que nos engorda?
    O síndrome do ovário poliquístico é uma das doenças que fazem engordar. «Quem sofre deste distúrbio endócrino que afeta, sobretudo, mulheres jovens e em idade fértil tende a desenvolver resistência à insulina, uma hormona que leva o açúcar produzido pelos hidratos de carbono para as células do corpo para que seja utilizado como fonte de energia. Nestes casos, o organismo apresenta uma menor regulação dos açúcares, provocando tendência para engordar», explica Teresa Branco, acrescentando: «como tendem a metabolizar muito mal os hidratos de carbono e são hiperinsolinémicas, ou seja, têm níveis de insulina aumentados, o organismo transforma o excesso de açúcar em gordura refletindo-se em peso a mais».
  • O que pode fazer
    «As mulheres com síndrome do ovário poliquístico devem evitar hábitos de vida nocivos, tentando reduzir ao máximo o consumo de alimentos com açúcar, para diminuir a própria resistência à insulina e o aparecimento da diabetes, evitar a ingestão de álcool, tabaco, de alimentos refinados ou ricos em gorduras saturadas». Teresa Branco aconselha a optar «por uma dieta à base de vegetais e legumes ricos em vitaminas A e E. O exercício físico «é importante para reduzir a gordura abdominal e trabalhar os músculos, favorecendo a regulação hormonal», conclui.

Depressão, ansiedade e stresse

Além de muitas outras consequências graves, estes distúrbios mentais e emocionais «interferem no excesso de peso de forma direta e indireta, pelo que é determinante descobrir a causa a tratar».

  • Por que nos engorda?
    «A depressão pode ser motivada por alterações hormonais e do metabolismo que inibem a produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar. Quando estas substâncias não existem em doses suficientes no organismo, tende a surgir a depressão, a ansiedade e o stresse. A pessoa tem vontade de ingerir alimentos ricos em açúcares, pois o organismo, de forma intuitiva, vai procurar compensar as carências hormonais com a ingestão de alimentos ricos em açúcares, que induzem a produção destas hormonas», explica a especialista em gestão do peso à Revista Prevenir.
  • O que pode fazer
    Mesmo que a medicação seja ajustada, continua a especialista, «como houve uma alteração do metabolismo, para perder peso será necessário aliar a prática de exercício físico a uma alimentação equilibrada, rica em vegetais, proteínas saudáveis, como carnes magras, peixe, ovos e abacate, e pobre em gorduras trans e açúcares». Para combater a falta de motivação típica dos estados depressivos, Teresa Branco sugere «atividades desportivas ao ar livre, como caminhadas diárias de, pelo menos, meia hora para começar a perder peso e ajudar na produção de serotonina e dopamina», as hormonas do bem-estar.
  • O tratamento
    Na origem do aumento de apetite pode estar, também, «a influência dos medicamentos para tratar a doença, uma vez que alguma medicação psiquiátrica contém substâncias ativas que promovem o apetite, sobretudo por alimentos ricos em hidratos de carbono, nomeadamente os açúcares simples. Ao contrário, também existem tratamentos para a depressão e ansiedade que inibem o apetite, como é o caso da fluoxetina, sertralina, a venlafaxina». O princípio deverá ser, no entender da fisiologista, «o de receitar medicação que tenha um menor impacto a este nível. Existem medicamentos neutros que não afetam nem diminuem o apetite. É preciso sensibilizar o clínico que acompanha o paciente, levando-o a entender que o excesso de peso, a acontecer, é um fator agravante do próprio estado depressivo».
Última revisão: Outubro 2019

artigos recomendados

Previous Next
Close
Test Caption
Test Description goes like this