Reducitarianismo: a dieta para quem quer reduzir o consumo de carne

reducitarianismo: um novo tipo de alimentação

Não é vegan nem vegetariano, mas tenta comer pouca carne e outros produtos animais? Já há um nome para esse tipo de alimentação: chama-se reducitarianismo.

  • PorRita AlvesJornalista

  • ColaboraçãoDra. Ana Ni RibeiroNutricionista

Brian Kateman era vegetariano. No entanto, por vezes, cometia alguns deslizes (afinal, é humano). Quando ia comer fora com amigos e família, não resistia a umas fatias de bacon, acompanhadas de críticas daqueles que o rodeavam, contou durante uma TEDx talk. Foi assim que o fundador da Reducetarian Foundation decidiu criar um novo conceito de alimentação, mais inclusivo: o reducitarianismo.

Neste tipo de dieta, estão incluídos todos aqueles que tomam a «decisão consciente de cortar no consumo de carne, peixe, ovos e laticínios, independentemente do grau de redução e daquilo que os motiva», explica Brian Kateman, num comunicado de imprensa. Ser reducitariano é bom para a sua saúde (oferece alguns dos benefícios já comprovados de uma dieta vegetariana), para os animais (poupa várias vidas) e para o planeta Terra (a produção animal contribui fortemente para as alterações climáticas).

O reducitarianismo é fácil de seguir

«O reducitarianismo é um movimento muito inclusivo: do veganismo e vegetarianismo aos que só comem carne ou proteínas animais de vez em quando e os que apenas pretendem reduzir ligeiramente o consumo de produtos animais, todos podem fazer parte. As pessoas estão comprometidas de acordo com o seu nível de motivação – o que se torna apelativo, pois nem todos procuram o “tudo ou nada”.

É saudável e fácil, pois pode ser adaptado aos objetivos de cada um. E é moderado, porque podemos manter-nos omnívoros. Além disso, é bom para o ambiente, para o bem-estar animal e para quem faz essa redução», afirma Ana Ni Ribeiro, nutricionista, à Revista Prevenir.

Ser reducitariano é bom para a sua saúde, para os animais e para o planeta Terra

O segredo dos centenários

De acordo com o criador do reducitarianismo e fundador da Reducetarian Foundation, «com menos carne e mais fruta, legumes, cereais integrais e proteínas vegetais, como feijões e lentilhas, os reducitarianos vivem durante mais tempo, mais saudáveis e mais felizes. (…) De facto, comer menos carne e mais alimentos de origem vegetal é um dos hábitos de vida que une as pessoas que vivem até aos 100 anos ou mais nas (…) Zonas Azuis [pontos do mundo em que há uma grande concentração de pessoas centenárias]».

Vantagens do reducitarianismo

«Os benefícios do reducitarianismo decorrem não só da redução no consumo de carne, peixe, ovos e laticínios, como do aumento do consumo de alimentos de origem vegetal.  Por um lado, há uma redução na ingestão de gorduras saturadas. Por outro, um aumento do consumo de fibras, antioxidantes e minerais. Reduzir a ingestão de proteína de origem animal de forma bem planeada levará à diminuição do risco de desenvolver problemas cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de cancro, a um melhor funcionamento intestinal e, em alguns casos, a redução do peso. Haverá, ainda, redução da inflamação do organismo, melhoria do sistema imunitário e a pele poderá ficar mais bonita», afirma a nutricionista à Revista Prevenir.

Proteína q.b.

«Ao contrário do que algumas pessoas pensam, o excesso de proteína não é benéfico, não nos torna mais fortes, nem mais magros. Em média, os omnívoros consomem 1,5 vezes mais a quantidade de proteína ideal. Ao reduzirem o consumo de proteína animal, nestes casos, não necessitam de substituir porque já consumiam a mais. As pessoas que consomem as quantidades corretas devem substitui-la pelo consumo de proteína vegetal (cereais integrais, leguminosas, sementes e oleaginosas)», esclarece Ana Ni Ribeiro.

O que (nunca) deve fazer

«Aconselho a quem queira embarcar nesta “aventura” do reducitarianismo que comece sem extremismos. Tendo em conta os benefícios para a saúde, as razões ambientais e éticas, faça escolhas saudáveis e sustentáveis. E procure a ajuda do seu médico ou nutricionista. Uma dieta mal planeada pode resultar em deficiências nutricionais.

«Reduzir a ingestão de proteína de origem animal de forma bem planeada levará à diminuição do risco de desenvolver problemas cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de cancro»

Por vezes, ao cortar no consumo de produtos animais, há um aumento da ingestão de pão, massas e pizzas. Ou não há uma substituição por proteínas vegetais, o que provoca um desequilíbrio, pode haver aumento de peso e risco de carência de ferro, zinco, vitamina D e B12», alerta a nutricionista.


Reducitarianismo: como reduzir o consumo de proteína animal

Não havendo regras específicas quanto à adoção do reducitarianismo, existem várias formas de reduzir o consumo de proteína animal à mesa. A nutricionista Ana Ni Ribeiro e Brian Kateman, fundador da Reducetarian Foundation, indicam algumas estratégias:

  • Não consumir carne ou outros produtos animais uma vez por semana.
  • Fazer substituições diárias, como trocar a carne vermelha por lentilhas, nozes ou quinoa.
  • Substituir o leite por uma bebida vegetal sem açúcar ou optar por grão-de-bico torrado para snack.
  • Cortar nas porções de proteína animal – por exemplo, comer um bife mais pequeno.
  • Não comer carne ou outras proteínas animais ao almoço se vai fazê-lo ao jantar ou vice-versa.
  • Ingerir proteína animal apenas ao fim de semana.

Última revisão: Setembro 2017

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