As fritadeiras de ar quente, ou air fryers em inglês, são uma das tendências da culinária nos últimos tempos. Com várias marcas e modelos à venda, os preços estão um pouco mais acessíveis, apesar de ainda implicarem algum investimento. Tal como o nome indica, estes aparelhos replicam o efeito obtido com o óleo nas fritadeiras tradicionais, fazendo circular o ar e a gordura sobreaquecidos pelos alimentos para os cozinhar. Ou seja, nestas novas fritadeiras «os alimentos são cozinhados por exposição a ar muito quente, que substitui o óleo ou o azeite quente utilizado na fritura convencional», de modo a permitir que a cozedura seja uniforme, explica o nutricionista João Rodrigues à Revista Prevenir.
As vantagens das fritadeiras de ar quente
Menos óleo, menos gordura
Ao utilizarem uma quantidade de óleo muito reduzida (ou mesmo nenhuma), quando comparadas com as fritadeiras convencionais, as fritadeiras de ar quente são apontadas como um meio de confeção mais saudável. Mas será mesmo assim? Apesar de permitirem um método de confeção mais saudável, «cozinhar nas air fryers não é sinónimo de alimentação saudável, pois o que se come e quanto se come são variáveis igualmente importantes», lembra João Rodrigues. Além disso, tudo depende do ponto de comparação. «Se se comparar este tipo de fritura com fritar em óleo ou azeite, então poderá ser uma opção mais interessante. Mas se se comparar com outros métodos, como cozer ou estufar, as conclusões já podem ser diferentes», aponta o autor do blogue Mundo da Nutrição. Ainda assim, «há uma diminuição significativa na ingestão calórica, pois na fritura convencional os alimentos passam a conter quantidades elevadas de gordura, algo que não acontece com a utilização das air fryers».
Mais seguras e fáceis de limpar
Fritar alimentos pode ser desagradável, quer pela sujidade que causa, quer pelo cheiro a fritos que invade a casa. Com as air fryers esse problema deixa de existir, pois o equipamento não deixa um cheiro desagradável na cozinha graças aos filtros. Além disso, a fritadeira de ar quente é produzida com material antiaderente, o que facilita ainda mais a sua limpeza. Como não contêm óleo quente, também são menos perigosas. A fritura por imersão dos alimentos em óleo ou azeite envolve o aquecimento de uma grande quantidade destas gorduras, o que pode representar um risco de segurança, pois, «na fritura convencional há sempre o risco de o óleo quente salpicar e entrar em contacto com a pele da pessoa que está a cozinhar», lembra João Rodrigues.
Amiga da carteira
O ar quente pode atingir temperaturas que rondam os 2000 C, o que acarreta um elevado consumo elétrico. Contudo, não se pode descartar «a economia energética que eventualmente se consegue obter com estes equipamentos, pois o seu consumo energético é significativamente inferior ao dos fornos, alternativas frequentemente usadas para substituir as frigideiras tradicionais», explica João Rodrigues. O retorno económico também não deve ser subestimado, já que evita a compra de óleo e o consumo de gás, o que, no atual contexto mundial, é uma vantagem. «Neste momento, o óleo está a atingir valores incrivelmente elevados, não se sabendo quando esta subida vai terminar», salienta. Este é um motivo que poderá justificar a aquisição de uma fritadeira de ar quente, pois «a médio prazo acaba por conseguir uma poupança interessante, principalmente para pessoas que consumam muitos alimentos fritos».
Vários modos de confeção
As fritadeiras de ar quente têm muito mais a oferecer do que apenas batatas fritas. «Teoricamente, qualquer alimento que pode ser frito também pode ser cozinhado nas air fryers», afirma João Rodrigues. Não precisa de se limitar a cozinhar panados e rissóis, pois «pode cozinhar quase todo o tipo de alimentos, dependendo do gosto de cada um», esclarece. Até bolos e sobremesas, só tem de estar atento à lista de características do eletrodoméstico no momento da compra.
As desvantagens são…
A inimiga acrilamida
As frituras com óleo têm ganho má reputação pois o sabor apelativo dos alimentos fritos tem custos para a saúde. A investigação científica tem associado o uso de óleo para fritar alimentos a problemas de saúde como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e cancro. Apesar de serem mais práticas de usar e limpar do que as fritadeiras convencionais, as air fryers também fritam a temperaturas elevadas, o que contribui para uma maior formação de acrilamida, uma substância potencialmente cancerígena que surge de modo natural em alguns alimentos, como batatas fritas, bolachas e pão, quando cozinhados a altas temperaturas. «Essa substância tóxica que se forma quando se fritam alimentos ricos em amido, por exemplo, parece ser menor quando comparada com as fritadeiras convencionais, mas não desaparece», refere João Rodrigues.
Textura e sabor diferentes
Apesar de a indústria garantir que as fritadeiras de ar quente reproduzem a mesma textura, aspeto e sabor de um alimento frito de forma tradicional, o nutricionista sublinha que «é importante perceber que a textura e o sabor dos alimentos cozinhados nas air fryers não é igual ao obtido na fritura convencional. Ou seja, é um método diferente, que origina resultados diferentes, embora também tenha algumas semelhanças». Outra desvantagem está relacionada com «a quantidade de comida que se consegue cozinhar de uma vez, o que pode ser um problema caso queira preparar uma refeição para várias pessoas ou para pessoas que consumam grandes quantidades de comida», assinala.
«A fritura convencional produz resíduos de óleo usado que, se não forem reciclados/ reaproveitados, podem ter um impacto negativo do ponto de vista ambiental», lembra João Rodrigues, o que não acontece com as fritadeiras de ar quente

Evite estes erros
Para que possa obter os melhores resultados e garantir o bom desempenho da fritadeira de ar quente, tenha em mente os principais erros que deve evitar.
- “Mais saudável” nem sempre significa uma escolha saudável. «Achar que este método transforma qualquer comida numa opção saudável pode levar a que se minimize o impacto que as escolhas alimentares acertadas e a gestão adequada das quantidades podem ter», afirma João Rodrigues.
- Expectativas irrealistas. «Por vezes, as expectativas não correspondem à realidade, pois as pessoas acham que o resultado final vai ser exatamente igual aos alimentos fritos de forma tradicional, o que não é a realidade», indica o nutricionista.
- Não pré-aquecer. As air fryers precisam de tempo para atingir a temperatura necessária antes que de se poder começar a usá-las, tal como o forno ou a frigideira. Mesmo que o modelo indique que dispensa o pré- -aquecimento, terá melhores resultados se o aquecer primeiro.
Fritadeiras de ar quente: como escolher
Existem muitos modelos com características distintas e que devem ser tomadas em consideração. O nutricionista João Rodrigues lembra o que deve ter em conta para assegurar uma boa compra.
- Capacidade
«Achar que este método transforma qualquer comida numa opção saudável pode levar a que se minimize o impacto que as escolhas alimentares acertadas e a gestão adequada das quantidades podem ter», afirma João Rodrigues. Se tiver uma família numerosa, preste atenção ao tamanho da tigela principal ou do cesto. Certifique-se de que são grandes o suficiente para cozinhar grandes quantidades de alimentos. - Temperatura
Uma eficaz regulação da temperatura é fundamental para confecionar o que pretende na air fryer e obter um ótimo resultado. Assegure-se de que o modelo escolhido atinge os 2000C e tem temperatura ajustável. - Preço
Apesar de não ser dos mais acessíveis, pode valer o investimento a médio prazo. Existem diversos modelos no mercado cuja variação de preço se deve ao tamanho do depósito de alimentos, funções, programas, potência e marca.